quarta-feira, 5 de outubro de 2005

per si

foto Alberto Monteiro

Não quero teu verso enteado
na minha poesia.
Não se meta onde é chamado.
Faça de conta
que não escuta os meus apelos
e me deixe encontrar
esse endereço errado.

Quero meu desencanto legítimo
e esse beijo desfazendo a azia.

Não me venha com tradução simultânea
para música que me castiga.
Não me meta onde sou cantado.
Faça de conta
que não entende esse estrangeiro
e me deixe desencontrar
esse futuro passado.

Quero o ronco do meu íntimo
e este coração que a alma mastiga.

(do livro "Poesia provisória")

5 comentários:

Anônimo disse...

Fico sem palavras diante dos seus versos, são lindos! Beijos. Cris.

Claudia Novelli disse...

Olá!
Conheci teu blog através da Dioneide!! É muito lindo...
Um abraço

Ailton Monteiro disse...

Nirton, vc não vem mais pra Fortaleza esses dias?

Anônimo disse...

Pôxa, as palavras tão bem encaixadas, as idéias tão bem entrançadas... lindo poema. Beijo.

Anônimo disse...

sim, que venha de ti a poesia, alimento para o corpo, posto que a matéria é a nossa medida desmesurada. beijos de sol,

eleuda