sábado, 20 de maio de 2023

o poema não acaba nunca

fortaleza seria logo ali

depois da bica do ipu
passando o arco de sobral
chegando nas bananeiras de caucaia
fortaleza seria logo além
da saudade do quintal de ibiapaba
da lembrança da cancela da fazenda
da memória da casa de oitão
fortaleza seria logo aquém
do meu pai que esperava
de minha mãe que guardava
do irmão que me olhava
(...)

O trem chegou à estação João Felipe
e continua nos trilhos de minha vida.
Na capital
as bancas com suas notícias
a Cruzeiro com a miss na capa
os cowboys destemidos da EBAL.
Puxo os vagões da memória até quando?
O poema não acaba nunca.
O que escrevo são incompletudes.


- Trechos de Trem da memória, Editora Radiadora, 2022
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado
O livro concorre ao Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa 2023 e ao IX Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa, Faro, Portugal.
À venda com o autor e pelo site www.radiadora.com.br
Vídeo: Oitoemeio Filmes
Música, fragmento: Rain, in your black eyes, Ezio Bosso, 2016 

sexta-feira, 21 de abril de 2023

migrante


Foto: Candangos, 1957, de Mário Fontenelle

IV
no começo da terra vermelha e cidade
meu pai passou por aqui
enquanto juscelino passava em seu jeep.
adubou concreto
elevou colunas
estendeu asas:
o sonho avesso de pau a pique.
de vastidão por imensidão
de cerrado por sertão
entorpecido de poeira e saudade
um dia subiu no pau de arara que voltava
sob o olhar franzido de juscelino.
preferiu
o abraço de minha mãe
o leite ralo das cabras
e a esperança de sol a pino.
- Poema do meu livro em preparação A paisagem e a distância - escritos sobre Brasília.
A cidade hoje faz 63 anos. Cada operário em construção, tijolo com tijolo num desenho lógico, também faz aniversário.  

quarta-feira, 5 de abril de 2023

o lirismo da memória



Trem da memória, de Nirton Venancio, descreve a geografia sentimental do Ceará. Percorre um trajeto que vai de um quintal idílico às nuvens que o verão dissipa.
As imagens contempladas pelo menino antigo evocam nomes e lugares de um tempo indelével que voa no trem fluido e misterioso das reminiscências.
O roteiro dos pássaros – e aqui uma referência ao título do premiado livro de estreia do autor, em 1981 - cresce em lirismo no olhar no poeta e do cineasta, em parceria os personagens do filme mágico avultam no cenário da infância. Os pais, os avós, as tias - os Totonhos Rodrigues, reverência que faço ao avô de Manuel Bandeira, citado em seus poemas Profundamente e Evocação do Recife - se embandeiram para marcar as fronteiras das paisagens e dos momentos que, embora longínquos, são trazidos à tona e revivem no transporte fluente e musical da poesia, que faz do quando um agora.
A poesia de Nirton Venancio tem o estilo do grande poeta pernambucano do lirismo libertador.
- Marcio Catunda, poeta (Rio de Janeiro)
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Trem da memória, Editora Radiadora, 2022
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado
O livro concorre ao Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa 2023 e ao IX Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa, Faro, Portugal.
À venda com o autor e pelo site.


 

quinta-feira, 30 de março de 2023

perfume da memória


Trem da memória, de Nirton Venancio, é poesia de elevada qualidade, que emana um perfume do melhor memorialismo de Drummond, sem abrir mão de um estilo pessoal já inconfundível.

O curioso, e que confere uma força lírica extraordinária, é que, muito embora vazado numa linguagem poética de corte clássico, as imagens não se derramam com sentimentalismos afetados. Há uma precisão, um rigor na composição do texto que lembra João Cabral, ecoa Drummond e reedita a leveza poética de Manuel Bandeira. Só um grande poeta o faria num mesmo poema, e Nirton Venancio o faz com maestria! Sem deixar de ser original, frise-se!
Por último, impressiona o domínio da carpintaria poemática, a estruturação do texto enquanto 'coisa produzida', enquanto forma, enquanto matéria artística! Parabéns, imenso poeta!
- Alder Teixeira, professor de Estética, História da Arte, Literatura Dramática e Comunicação e Linguagem, UECE e IFCE.
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Trem da memória, Editora Radiadora, 2022
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado
O livro concorre ao Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa 2023 e ao IX Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa, Faro, Portugal.
À venda com o autor e pelo site www.radiadora.com.br

 


 

quinta-feira, 16 de março de 2023

viagem, vida e poesia sem fim


Ao adentrar no vagão e tomar assento numa poltrona colada à janela, descobri de imediato que a viagem seria mais que uma aventura. Trem da memória (Editora Radiadora, 95 páginas, 2022, impressão e acabamento Expressão Gráfica, Fortaleza-CE), do cineasta, roteirista, poeta e professor de literatura e cinema Nirton Venancio, é um desfile de experiências sensitivas carregadas de recordações, reminiscências, lembranças e memórias abissais e emocionantes.

O dúplice Poesia-Memória transborda de forma pungente, fazendo da janela desse trem alado ora telinha de TV preto e branco, ora telona cinemascope colorida. Às vezes, um pano circense, outras um oitão de igrejas interioranas. Até mesmo a janela se faz de binóculo a perscrutar minudências existenciais e poéticas de expressão maiúscula no enquadramento da janela, que se transubstancia em monóculos coloridos cheios de amostras do cotidiano, das religiosidades, de laços familiares, de saudades, de desvãos, de baú de ossos... De instante a instante, somos sacolejados num "trempoema" pleno de relicários, confessionários, sacos de confetes e serpentinas, testamentos, inventários e diários íntimos do outrora.
Há na viagem intertextualidades e dialogismos que põem nos trilhos cinema e literatura, cotidiano e memória, passado, presente e futuro. Há reencontros de personagens reais e ficcionais em roteiros pactuados da história de vida real e de imaginários variados, coloridos, pretos e brancos, multifacetados, polissêmicos, cujos diálogos se desdobram e recobram existencialmente uma cosmovisão ao mesmo tempo impressionista e expressionista de inundar olhos e corações.
Ao final, não da viagem - porque essa é sem fim ante a estação passado-presente-futuro -, há um lindo inventário. Mesclado de pessoas, lugares, sabores, imaginários individuais e coletivos, experiências, sensações, emoções, efemérides, eventos, acontecimentos e uma plêiade de existências concretas e ideais que nos impulsionam a algo agônico ou memorial ante o trem que não descarrilha, mas nos cutuca encantadoramente. Nirton Venancio não é apenas o maquinista; é o passageiro que nos faz sonhar acordados. Ora em aconchego com as metáforas, ora em acalanto com a poiesis.
- Ronaldo Salgado, jornalista, professor da Universidade Federal do Ceará, autor de A crônica reporteira de João do Rio, dissertação de mestrado publicada em livro pela Edições Leo em 2006.
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Mais do que analisar o livro, você auscultou o poeta, caro Ronaldo. Tocou em pontos que estão no mais íntimo espaço de minha memória.
E parafraseando Caio Fernando Abreu, no meu coração tão cheio de marcas e poços, de trens e lugares, seu olhar afetuoso e preciso ocupa um dos lugares mais bonitos nessa viagem.
Imensamente grato.

terça-feira, 14 de março de 2023

a poesia, o poema


Do meu livro Poesia provisória, Editora Radiadora, 2019.
 

quinta-feira, 9 de março de 2023

Armadura


Poema Armadura, do livro Poesia provisória.
Pena de Ouro é um concurso para contos e poemas, interagindo com autores de toda a lusofonia.
Os textos finalistas são avaliados por jurados do Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe.

 

terça-feira, 7 de março de 2023

eu viajei de trem



Quando li esse livro percebi que já fiz várias viagens nesse trem. Memórias quase esquecidas, quase apagadas e que através das emoções despertadas na leitura se tornaram vivas novamente. Lindo!!!
- Maurício Rolo, fotógrafo (Brasília)

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Trem da memória, Editora Radiadora, 2022
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado
À venda pelo site https://www.radiadora.com.br/ e com o autor.


 

sexta-feira, 3 de março de 2023

incompletudes da memória


Ler leva tempo, mesmo poesias, são várias e é uma só, nós sabemos. O que vai fundo agora, pode mudar amanhã, depois, pode ser outra a preferida, uma mais curta que condensa tudo, ou a mais longa que nos pega exatamente porque não leva a nada ou leva a lugares nunca antes visitados, e vai tecendo a si própria sem começo nem fim.

É misterioso ler poesia, um mistério do leitor consigo mesmo. O livro pode ficar dias no sofá, na poltrona, largado ao lado de outros, na mesa de trabalho, no vão da pequena biblioteca, você passa, vê e não dá bola, “agora não, depois”. E os poemas ali, fiéis, vão saber o que fizeram ou ainda farão com você, leitor.
Tudo isso só para dizer agora que:
“O que escrevo são incompletudes” me pegou pelo pé de um jeito que estou girando até agora.
- Ieda Estergilda Abreu, poeta e jornalista (São Paulo), conceituando a relação leitor-poesia, citando um verso do meu livro Trem da memória (Editora Radiadora, 2022).
Conceituando, citando, girando: o gerúndio é sempre movimento.
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O livro está à venda pelo site www.radiadiora.com.br e com o autor.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

sumiço

foto: Ailine Liefeld

Mas o menino sumiu:
foi embora como quem cresce
e silenciosamente
atravessou os trilhos noturnos
da ponte de ferro
sobre o rio poty
onde as águas são barrentas
e as lavadeiras tristes.
- Trecho do meu livro-poema Trem da memória (Editora Radiadora, 2022).
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado
À venda pelo site www.radiadora.com.br e com o autor. 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

concentração de tempos

 Coleção José Medeiros/Acervo Instituto Moreira Salles, 1952
 
Do alto
as retinas miram a beleza
filtram o murmúrio da cidade
as ruas em convulsão
os homens e seus muitos irmãos
seus tantos desafetos
entre trânsito e transe
entre mares e margens
entre rios e janeiros.
Orquídeas, bromélias
antúrio, velózia
esquilos, gambás
gavião, pica-pau:
a natureza que o tempo sabe e ouve.
A montanha aponta o mar
sem medo dos homens.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

boletim de um tempo


“Nasci em crateús, sertão dos inhamus, ceará, numa manhã de fevereiro, dia 15, uma terça-feira, uma semana antes do último dia de carnaval. A lua estava minguante. Enquanto eu crescia rumo à lua nova, me esquivava da folia que chegava no peito de minha mãe que me guardava.”

Trecho inicial de dados biográficos no meu livro-poema Trem da memória (Editora Radiadora, 2022), dedicado à casa onde nasci, em que narro minha infância no interior (onde rabisco os nomes próprios com letras minúsculas, porque sou menino) aos primeiros anos na capital (onde escrevo com maiúsculas porque acho que sou adulto).
Aos tantos amigos queridos que escreveram mensagens na redes sociais pelo meu aniversário, a minha gratidão com “a ternura mais funda / e mais cotidiana” que aprendi com a poesia de Bandeira.
Meu coração abraça o coração de vocês. 

sábado, 4 de fevereiro de 2023

Âmago


foto: Arquivo PhotoSet


em memória do cineasta André Luis da Cunha

Ninguém sabe
o que há por trás
das canções.
Ninguém nunca
foi ao pré-sal
dos corações.
Sem rima,
choram pássaros
que não voam.
- Do meu livro em preparação Raios. 

domingo, 29 de janeiro de 2023

latitude




Pego o submarino Terral
no lago Paranoá,
m
e
r
g
u
l
h
o
minhas dores
nas
águas
fundas
do
mar
e navego até avistar
e ir ao encontro
das dunas brancas do pessoal do Ceará.


- Trecho do poema do meu livro em preparação A distância e a paisagem - escritos sobre Brasília.
Ilustração: desenho de Alphonse de Neuville para a edição de 1875 de Vinte mil léguas submarinas, de Julio Verne, Editora Houghton Mifflin, EUA.

sábado, 14 de janeiro de 2023

a indesejada das gentes


(Da moldura da porta o menino olhava
o tio com os mãos postas sobre o peito
as rezas os choros
as velas:
o cheiro do fim
e no pensamento acanhado pedia
aos parentes no futuro
que quando também fosse para céu de ibiapaba
deixassem as mãos estiradas ao longo do corpo
assim poderia voar como pássaro que voltaria).
Trecho do meu livro Trem da memória (Editora Radiadora, 2022)
Coordenação editorial: Alan Mendonça
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado
Disponível à venda pelo site www.radiadora.com.br e com o autor.
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Em memória do amigo Francisco Diógenes, que ontem partiu para o seu céu de Ibiapaba.
Foto ilustrativa para esta postagem: Acervo Família Lima Venancio

 

sábado, 7 de janeiro de 2023

da poesia que me visita


Nirton Venancio abre seu "Trem da memória" com um plano-sequência desembestado, ofertando uma viagem em que os prolegômenos são absolutamente dispensáveis (comecem pela página 23 sem demora), tempo&espaço comunados em sentidos alertas, sonoros e velozes, uma construção de paisagens a escapar dos olhos, a evadir nostalgias e transformar a leitura, a fruíção do filme-vida, numa saudade feliz, cheia de ressignificados.

"Foi lá que o minúsculo das cartilhas / juntou-se ao maiúsculo das pessoas", afirma o insubmisso autor.
- Lima Trindade, escritor brasiliense residente em Salvador, autor de contos, novelas e romances. Seu livro As margens do paraíso (Cepe Editora, 2019) é uma das mais importantes obras da literatura brasileira contemporânea.
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Trem da memória (Editora Radiadora, 2019)
Coordenação editorial: Alan Mendonça
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado
Disponível à venda pelo site www.radiadora.com.br e com o autor.

 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Armadura

 

Meu corpo é a única coisa que tenho
que é nada
e como suicida
luto contra moinhos, tempestades e solidão
que é tudo.
Escondo-me nesta armadura de ossos, carne
e vestimentas
e espio a vastidão do mundo pelos buracos dos olhos
como quem espia lugares estranhos
infinitos
perigosos.
Meu corpo é a única coisa que tenho
para carregar o pretexto da alma.
É magro, feio e escandaloso
o corpo
mas é única coisa que tenho
para caminhar pelo tempo e pelos sertões.
Garantia não tenho
se o meu corpo é forte e frágil ao mesmo instante
se me sujeito ao abismo
ao chão
à poeira
se estou marcado para me tornar saudade
lembrança
e fotografias
e minha história não terá mais
um cavalo para montar
e serei uma estátua invisível no espaço.
Garantia não tenho de nada
nada
não levarei escondido no bolso
nenhuma semente
nenhum suspiro
nenhum gesto
pois tudo é podre
condenável
consumível.
Só é garantido o mais difícil:
a miragem na imensidão
o que se supõe ao longe
o completo mistério
para se chegar até lá
não se sabe com que corpo
não se sabe com que asas
não se sabe.
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Poema publicado no livro Poesia provisória, Editora Radiadora, 2019
Prêmio Internacional Pena de Ouro, 2022
Casa Brasileira de Livros, RS
3º lugar
Pena de Ouro é um concurso para contos e poemas, interagindo com autores de toda a lusofonia.
Os textos finalistas são avaliados por jurados do Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

migrante


IV

no começo da terra vermelha e cidade
meu pai passou por aqui
enquanto juscelino passava em seu jeep
adubou concreto
elevou colunas
estendeu asas:
o sonho avesso de pau a pique
de vastidão por imensidão
de cerrado por sertão
entorpecido de poeira e saudade
um dia subiu no pau de arara que voltava
sob o olhar franzido de juscelino
preferiu
o abraço de minha mãe
o leite ralo das cabras
e a esperança de sol a pino
- Poema do meu livro em preparação A paisagem e a distância - escritos sobre Brasília.
Foto ilustrativa para esta postagem: Candangos, 1957, de Mário Fonteneles.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

escritores à beira de mais um sonho


sobre viver

I
só escaparemos se conversarmos
se sentarmos
à mesma mesa
e trocarmos olhares
como amigos
ou como sobreviventes.
viver
(não se sabe)
é mais um sonho
mais um ofício...
modelar o dia
atravessar a noite
(não se sabe)
carece de sonho
tem jeito de ofício...
sonhar
(não se sabe)
é coisa de ofício
ou o ofício nada vale
- é apenas um sonho?
Poema do meu livro em preparação A paisagem e a distância – escritos sobre Brasília.
Na foto, à mesa e sobrevividos, os escritores Lima Trindade, Noélia Ribeiro, eu, Nicolas Behr, Alcina Behr, Alex Cojorian, Marcelo Frazão e Wilton Rossi.
Bar Beirute, 107 Norte, Brasília, depois de um dia modelado, atravessando a noite nesta “cidade que foi feita para impressionar os arqueólogos do futuro”, como digo em outro verso.

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

eu viajei de trem


O menino nos leva pelo braço a visitar a sua Crateús, a casa da dona Valderez e do ‘seu’ Francisco e a revisitar - com olhos mais atentos - a nossa Fortaleza. Diz o poeta Valdi Ferreira Lima, no prefácio, que "todas as vezes que Nirton fecha os olhos a memória germina". Eu embarquei nesse Trem da Memória, de onde não consigo mais sair, atravessamos juntos os trilhos noturnos sobre o rio Poty "rumo ao mar da capital onde este poema se acende".
"Agora só resta crescer.
Se não trago o menino de volta,
alcanço o homem e sua revolta"
"Puxo os vagões da memória até quando?
O poema não acaba nunca".
Dia desses eu li um texto, um recorte do Trem da Memória, quando ele ainda estava em construção. Lembro de ter ligado pro Nirton com a voz embargada. Ele estava em Brasília, conversamos por um bom tempo sobre o texto, sobre lembranças, memórias, sobre a vida! Esta semana recebi o livro pelo correio (como é bonito!). Grata pelo presente, pela presença e por toda poesia que me atravessa quando leio os seus versos. Você é imenso, Nirton Venancio!

Marta Pinheiro, produtora cultural, poeta (Ceará)
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Trem da memória
Editora Radiadora, 2022
Coordenação Editorial: Alan Mendonça
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado
Concepção de capa: Léo de Oliveira e Alan Mendonça, sobre pintura de Joseph M. W. Turner
Revisão: Galileu Viana
Impressão e acabamento: Expressão Gráfica, Fortaleza