sábado, 4 de março de 2006

resistência

foto Arno Rafael Minkkinen

Até quando este corpo
vai perdurar com fome?
O que me puxa pelos cabelos
que me mantém em pé?
Até quando este corpo
vai se por resistente?
E até quando terá paciência
essa alma de mover este corpo?

Pela manhã
me embebo de esperanças
pelo dia
me armo de argumentos
e à noite
penduro o corpo no cabide.
A alma vigia em sonhos.

É-me direito catar resistências.

(do livro “Roteiro dos pássaros – remixado”)

4 comentários:

Claudio Eugenio Luz disse...

Poxa, sem palavras! ...à noite
penduro o corpo no cabide. ...É-me direito catar resistências. Se algum dia - embora haja pessoas nessa situação - nos arrancam essa resistência, adeus esperança.

hábraços

claudio

Ivã Coelho disse...

Gostaria de poder pendurar meu corpo num cabide e deixá-lo lá, assim, por uma infinitude... Belo poema, serviu-me de inspiração.

Abçs

Kimu disse...

Belíssimo poema!!! Bjos.

Edilson Pantoja disse...

Esperanças, argumentos e sonhos de um corpo que dormita no cabide, suporte da vida. Muito bonito!