Cada gesto posto no espaço
me subtrai (um pouco) a intimidade.
Mas não há como negar
o tamanho do rosto
e esconder-se da luz diante do espelho.
Tenho (sem saída)
a vida presa aos pulsos
o corpo atracado ao tempo
levando-me neste soluço constante
nesta postura indecente
nesta vontade (sempre!)
de ser feliz.
A idade é pouca
sobre a carne que preciso ter
para descobrir o que esconde
o silêncio de amanhã
e me deixa com as mãos
curiosas
os sentimentos
acesos
o coração
(in) quieto.
Por isso
no estrondo dos dias nas ruas
na solidão das cercas na noite
mantenho o olho aberto
pastorando (e me resgatando a)
cada instante
em que a vida não cochila.
(do livro “Poesia provisória”)
(Os poemas aqui publicados estão registrados na Biblioteca Nacional. Podem ser reproduzidos desde que mencionados a fonte e o autor)
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
postura
foto Josephine Sacabo
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Um comentário:
Ah, minha vida tem cochilado tanto!...talvez falta de mais barulho da minha parte.
Vc, sempre me pondo pra pensar. E pra sentir.
Amo a tua poesia.
Bjs.
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