De tudo era azul
o que de passado guardo avante nos cadernos
na arquitetura das primeiras letras
                       caligrafia que anunciava um poema
e no silêncio do menino curioso
                       personagem que descrevia uma cena
às vezes de riso pequeno
devagar sempre divagando
com os brinquedos traçados pela mão do pai
ah, meu pai!
o pêndulo de minhas pernas
em sua cacunda
caminhando do casarão
à casa pequena sem rotunda
                       o menino ainda sem irmãos.
          O meu sono depois do galope na calçada 
                                              - do colo da avó
                                              via de perto
                                              a lua tão minha
                                              são jorge correndo
                                              entre as nuvens.
           O dono, pai, depois do golpe no planalto
                                              - no solo da voz
                                                vi de longe
                                                a rua tão sua
                                                entre as chamas 
                                                do dragão verde.                          
Bem me lembro tão lágrima.
                      Da janela da casa
                                             olhei debruçado
                      a história explodindo na rua firmino rosa:
                      os disparos no presidente em dallas
                      os tanques de 64 vindo de minas
                      dom fragoso chegando da paraíba
                      :
                      manchetes do mundo no beco da província
                      e o menino guardando tudo
                      para o poema no futuro do presente:
                           - um take de oliver stone
                           - um arquivo de sílvio tendler
                           - um frame de de sica.
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Fragmento do meu livro-poema ©Trem da memória, com lançamento adiado desde março do ano passado. Aguardando quando for possível a aglomeração de afetos.
Editora Radiadora
Coordenação editorial: 
Alan Mendonça
Prefácio: 
Valdi Ferreira Lima
foto ilustrativa para esta postagem: Raphael Lucas

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