Meu corpo é a única coisa que tenho
que é nada
e como suicida
luto contra moinhos, tempestades e solidão
que é tudo.
Escondo-me nesta armadura de ossos, carne
e vestimentas
e espio a vastidão do mundo pelos buracos dos olhos
como quem espia lugares estranhos
infinitos
perigosos.
Meu corpo é a única coisa que tenho
para carregar o pretexto da alma.
É magro, feio e escandaloso
o corpo
mas é única coisa que tenho
para caminhar pelo tempo e pelos sertões.
Garantia não tenho
se o meu corpo é forte e frágil ao mesmo instante
se sujeito-me ao abismo
ao chão
à poeira
se estou marcado para me tornar saudade
lembrança
e fotografias
e me história não terá mais
um cavalo para montar
e serei uma estátua invisível no espaço.
Garantia não tenho de nada
nada
não levarei escondido no bolso
nenhuma semente
nenhum suspiro
nenhum gesto
pois tudo é podre
condenável
consumível.
Só é garantido o mais difícil:
a miragem na imensidão
o que se supõe ao longe
o completo mistério
para se chegar até lá
não se sabe com que corpo
não se sabe com que asas
não se sabe.
(do livro “Poesia provisória”)
que é nada
e como suicida
luto contra moinhos, tempestades e solidão
que é tudo.
Escondo-me nesta armadura de ossos, carne
e vestimentas
e espio a vastidão do mundo pelos buracos dos olhos
como quem espia lugares estranhos
infinitos
perigosos.
Meu corpo é a única coisa que tenho
para carregar o pretexto da alma.
É magro, feio e escandaloso
o corpo
mas é única coisa que tenho
para caminhar pelo tempo e pelos sertões.
Garantia não tenho
se o meu corpo é forte e frágil ao mesmo instante
se sujeito-me ao abismo
ao chão
à poeira
se estou marcado para me tornar saudade
lembrança
e fotografias
e me história não terá mais
um cavalo para montar
e serei uma estátua invisível no espaço.
Garantia não tenho de nada
nada
não levarei escondido no bolso
nenhuma semente
nenhum suspiro
nenhum gesto
pois tudo é podre
condenável
consumível.
Só é garantido o mais difícil:
a miragem na imensidão
o que se supõe ao longe
o completo mistério
para se chegar até lá
não se sabe com que corpo
não se sabe com que asas
não se sabe.
(do livro “Poesia provisória”)
4 comentários:
Com certeza o grito mais alto que já escutei dessa alma - Claro, reverberando angústia e sonho só de dias cinzas.
"Meu corpo é a única coisa que tenho
para carregar o pretexto da alma."
Dói e exulta.
Pois se alma tua
é pretexto
Quem dirá o texto
essência crua.
Se mais belo tornaria pranto.
Querido.
***Estrelas todas***
"não se sabe com que corpo
não se sabe com que asas
não se sabe."
Lindíssimo poema!!
Bom fim de semana...
Bj
é possível chegar sem corpo?
Me atrevo a responder Ricardo...
Se chega com espirito...o corpo, a matéria, essa é destruida, essa eh uma veste a qual o espirito utiliza. E como toda veste, eh bonita qdo nova, com o passar do tempo,mancha, suja, envelhece e acaba, 'morre'.
E o que resta? O espirito.
Sabendo disso. Pra onde deveremos focar nosso olhar? Pro nosso espirito. Cuidando dele, atraves dos nossos atos e pensamentos...
Beijos
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