foto Bogdar Jarocki
Tirem-me a roupa
o chapéu contra o sol
tirem-me até os braços
as pernas
tampem-me os olhos
mas não tirem as asas
que criei pra mim
o chapéu contra o sol
tirem-me até os braços
as pernas
tampem-me os olhos
mas não tirem as asas
que criei pra mim
tirem-me o domingo
a manhã contra a noite
tirem-me até os feriados
os dias santos
rasguem os calendários
mas não tirem o tempo
que criei pra mim
a manhã contra a noite
tirem-me até os feriados
os dias santos
rasguem os calendários
mas não tirem o tempo
que criei pra mim
tirem-me os lábios
o beijo contra o gelo
tirem-me até a voz
o delírio
adormeçam o sexo
mas não tirem o coração
o beijo contra o gelo
tirem-me até a voz
o delírio
adormeçam o sexo
mas não tirem o coração
que criei pra mim.
(do livro "Poesia provisória")
4 comentários:
Poeta,
Lembra que um dia eu lhe disse que parte de minha angústia literária era que o que eu escrevia não traduzia na íntegra o que eu sentia? Naquela ocasião brinquei, dizendo com cara séria que gostaria de fazer um poema "bem bonito, mas muito bonito mesmo, que deixasse todo mundo admirado"
Pois é, naquela hora nós dois caimos na gargalhada, pois eu acabara de dizer o óbvio. Quem não gostaria?
Agora eu sei por que não consigo fazer esse tal poema. Você escondeu a receita só para si!
Parabéns!
Que é isso, Ricardo! Já li poemas seus que me deixaram admirado!
Eu não escondi receita nenhuma! Eu nunca tive nada, nada, nada com Joana Darc, nós só nos encontramos
pra passear no parque...
E se você soubesse o que me inspirou esse poema... não, não queira saber.
Um belo viva para o seu coração....bjs livres
Belo viva recebido no coração, Karla! Beijos!
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