terça-feira, 25 de maio de 2010

asas

 foto Bogdar Jarocki

Tirem-me a roupa
o chapéu contra o sol
tirem-me até os braços
as pernas
tampem-me os olhos
mas não tirem as asas
que criei pra mim

tirem-me o domingo
a manhã contra a noite
tirem-me até os feriados
os dias santos
rasguem os calendários
mas não tirem o tempo
que criei pra mim

tirem-me os lábios
o beijo contra o gelo
tirem-me até a voz
o delírio
adormeçam o sexo
mas não tirem o coração
que criei pra mim. 

(do livro "Poesia provisória")

4 comentários:

Ricardo Augusto disse...

Poeta,
Lembra que um dia eu lhe disse que parte de minha angústia literária era que o que eu escrevia não traduzia na íntegra o que eu sentia? Naquela ocasião brinquei, dizendo com cara séria que gostaria de fazer um poema "bem bonito, mas muito bonito mesmo, que deixasse todo mundo admirado"
Pois é, naquela hora nós dois caimos na gargalhada, pois eu acabara de dizer o óbvio. Quem não gostaria?
Agora eu sei por que não consigo fazer esse tal poema. Você escondeu a receita só para si!
Parabéns!

Nirton Venancio disse...

Que é isso, Ricardo! Já li poemas seus que me deixaram admirado!

Eu não escondi receita nenhuma! Eu nunca tive nada, nada, nada com Joana Darc, nós só nos encontramos
pra passear no parque...

E se você soubesse o que me inspirou esse poema... não, não queira saber.

LIVRE disse...

Um belo viva para o seu coração....bjs livres

Nirton Venancio disse...

Belo viva recebido no coração, Karla! Beijos!