domingo, 1 de outubro de 2006

metade

foto Erland Pillegaard

O que se vê em mim
não é o todo:
escondo gestos.
O que se sabe de mim
(ainda) não é tudo:
escondo datas
Metade que nem eu mesmo sei
mais corrói do que vive e cresce:
e silenciosamente é uma doença
(e não me esquece).

Convivo como caça e caçador
dentro de mim:
uma hora me acho
a outra não me aceita
e sou metade do rosto desenhada
a outra metade desfeita.

(do livro “Poesia provisória”)

7 comentários:

Luana disse...

O belo e o feito!

Beijinhos...

Rayanne disse...

Olhei nos olhos o poema.
Um espelho de espanto,
E o tempo medroso, latindo ausências.
Não é o que de tudo se esvai,
é o que de secreto, permanece.
Ardente.

**Estrelas, meu caro poeta**

Claudio Eugenio Luz disse...

Permancemos sempre nesse limiar, vivendo na dualidade. Poesia provisoria é um titulo que faz jus aos poemas - o duplo, a inconstancia, aquilo que não está definitivamente pronto.

hábraços

Luzzsh disse...

Oi Nirton,

Ah, que bom ter te achado...Lindo, lindo poema, adorei...

Beijo.

Luzzsh disse...

Oiê,

Alumias tb meu caminho a partir de agora. Não te perco mais, linkado que está lá no Lume...

Beijos...

Anônimo disse...

O melhor dessas "metades" é o fato de se procurarem e não se unirem...Aí reside o mistério e a complexidade dos seres, ou de um ser Nirton...
Beijo meu.
Dora

Anônimo disse...

este poema me leu.
abraço!