E o menino seguia na madrugada para a estação
puxado pelo laço dos dedos da tiavó
na linha reta da rua
iluminada pela lanterna
de seu pedro
(uma mão no foco
outra na cabeça com as malas)
iluminada pela lanterna
de seu pedro
(uma mão no foco
outra na cabeça com as malas)
no silêncio longo da calçada
rimado com o galo
de seu antônio
(um animal que latia
outro que miava nos muros)
rimado com o galo
de seu antônio
(um animal que latia
outro que miava nos muros)
no embarque no primeiro vagão
sentado à janela
de seu olhar
(uma paisagem que sumia
outra que chegava)
sentado à janela
de seu olhar
(uma paisagem que sumia
outra que chegava)
fortaleza seria logo ali
depois da bica do ipu
passando o arco de sobral
chegando nas bananeiras de caucaia
depois da bica do ipu
passando o arco de sobral
chegando nas bananeiras de caucaia
fortaleza seria logo além
da saudade do quintal de ibiapaba
da lembrança da cancela da fazenda
da memória da casa de oitão
da saudade do quintal de ibiapaba
da lembrança da cancela da fazenda
da memória da casa de oitão
fortaleza seria logo aquém
do meu pai que esperava
de minha mãe que guardava
do irmão que me olhava
do meu pai que esperava
de minha mãe que guardava
do irmão que me olhava
a cidade grande faria o menino ficar espichado.
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Um fragmento do meu próximo livro, Trem da memória – um poema, quando o menino vai de vez do sertão para a capital.
prefácio Valdi Ferreira Lima
coordenação editorial Alan Mendonça
Editora Radiadora
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Um frame, granulado pela memória, do meu filme O último dia de sol, 1999.
foto Deise Jefinny
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