domingo, 7 de fevereiro de 2010

apartado

foto Jean-Sebastien Monzani

A distância nos dá medo
quando as coisas estão paradas.

É por você estar longe
e não ter previsão alguma do tempo
que o presente continua sobre a mesa.

O mundo parece inútil
nesse pedaço em que não posso tocá-la.
Deve ser impressão desfocada dos olhos
ou sua ausência é uma eternidade em mim e na sala.

Há um telefone, uma porta e meus passos contidos.
Para cada lado o espaço para se medir.
O coração achará em algum canto as chaves e os motivos
para lhe encontrar na volta em vez de partir.

O medo nos distancia
das coisas em movimento.

(do livro "Poesia provisória")

6 comentários:

Claudio Eugenio Luz disse...

Sim, sim, sim. Nas coisas paradas fica as imagens, as lembranças, os sentimentos. O medo do movimento faz a gente temer as mudanças.Você pega a essência e transforma em poesia.

Anônimo disse...

A distância aumenta o amor. É a única coisa que não pára de se mover em meio ao medo eterno que se tem de que tudo não tenha passado de uma desimportância... Consegui ser clara?! Bj.

Ailton Monteiro disse...

Nirton, essa já está entre as minhas favoritas.. Talvez por me identificar um pouco.. Aliás, quando acontece identificação já é um passo para a gente entrar no espírito da poesia, né? Não sei me distanciar muito das coisas, ter visão objetiva...

Nirton Venancio disse...

"Essência", matéria prima da poesia, meu caro Eugênio. É isso!

Nirton Venancio disse...

Claríssima, Gisele!

Nirton Venancio disse...

Identificar-se ou discordar-se é sempre entrar na essência da poesia, caro Ailton.