segunda-feira, 11 de setembro de 2006

anônimo

foto Nicholas Davies

Eu nunca deixo pistas dos meus pecados.
Escondo meus delitos
e deixo a condenação para a volta.
Estou muito apressado.

Eu nunca deixo atalho
para me descobrirem:
prefiro o próximo encontro
com o que encontrar próximo aos meus olhos.

Eu nunca deixo traços dos meus planos.
Deixo o resultado de tantos enganos
como pudesse ser também seu
aquilo que foi somente meu.

Não passo procuração para sentimentos
enquanto viajo para lugar desconhecido.

Este poema pode me custar a vida.
Pode me custar os amigos.
E me gostarem os inimigos.

Mas não deixarei rascunho dos meus reversos.

(do livro “Poesia provisória”)

6 comentários:

Rayanne disse...

Enquanto te furtas
Em ausente consiência
E à história nega as pegadas
Um sopro gelado afasta
a anônima estadia.


**Estrelas**

Claudio Eugenio Luz disse...

Eu posso estar enganado, mas acho que esse poema você já tinha postado antes; em todo caso, reitero aquilo que disse que não disse:"Não passo procuração para sentimentos", primordial essa passagem!

hábraços

claudio

Nirton Venancio disse...

Rayane, eu me furto mas deixo pegadas nesse poema...

Claúdio, já postei esse poema, sim, e outros também. Mas poesia é sempre bom reler, relembrar, resguardar. Também, a minha "produção" está sempre em observação (falta uma vírgula aqui, um sentimento ali). E, no mais,é muito boa a sua visita reiterada.

Dio, pois é, quem "comete" esses delitos poéticos como eu tem se apressar mesmo...

Anônimo disse...

Mas, quem quer as "pistas", os "rascunhos", os "esboços"? Eu quero o poema, aqui, passado a limpo, e sua mão sobre ele...adivinhada! E seu "pecado", cobiçado!
Beijos!
Dora

Luana disse...

E eu? Nunca deixarei de ler você!

Beijinhos...

Nirton Venancio disse...

Dora, Nanna, com vocês no meu "encalço" nunca deixarei de cometer esses poemas...

Beijos