quarta-feira, 12 de abril de 2006

metade

foto Paul Hendicack

O que se vê em mim
não é o todo:
escondo gestos.
O que se sabe de mim
(ainda) não é tudo:
escondo datas
Metade que nem eu mesmo sei
mais corrói do que vive e cresce:
e silenciosamente é uma doença
(e não me esquece).

Convivo como caça e caçador
dentro de mim:
uma hora me acho
a outra não me aceita
e sou metade do rosto desenhada
a outra metade desfeita.

(do livro “Poesia provisória”)

7 comentários:

Anônimo disse...

O nosso descobrir é uma tarefa diária.
Feliz Pascoa!
Beijos

Claudio Eugenio Luz disse...

Vivemos no meio dessa dualidade, procurando estabelecer um equilibrio para não soçobrar.Um poema de mão cheia, meu caro.

hábraços

claudio

Anônimo disse...

Tocante e, paradoxalmente, pungente. Bom ler versos assim, numa tarde triste de domingo. Se as palavras não falam, nessa hora muda, o abraço distante diz tudo. Grande abraço, Veleiro. Fortaleza, Ce.

Nirton Venancio disse...

Meu caro conterrâneo Veleiro, deixe o endereço do seu porto... onde você estiver ancorado, mando-lhe um abraço distante e próximo...

Anônimo disse...

Sayô me disse que eu precisava conhecer sua poesia e que tinha certeza que eu gostaria. Bem... ela acertou! Nirton que universo poético o seu. Que poesia na medida do desmedido e desmedidamente medida...
"o que se sabe de mim (ainda) não é tudo: escondo datas". Na vastidão da totalidade do Ser o instante em que somos não somos, estamos.
Bom demais conhecê-lo!

Anônimo disse...

Bom dia, meu grande NV. Seu blog continua incontestavelmente um dos melhores em termos de poesia e paz. Abs
NONATO ALBUQUERQUE

Lia Noronha disse...

Muita paz e tranquilidade suas poesias me transmitiram...adorei!
as fotos são divinas tbém!
Não estou conseguindo adicionar o seu link,mas vou tentar amnhã novamente,ok?
Boa noite e abraços da sua nova amiga.