I
O morto
tomou destino ignorado:
em que planície nos céus
sibila o seu silêncio?
Com sua armadura desfeita
o que resta é inútil:
não suporta o vento
(que sopra com a chuva)
não será restaurado nos museus
(que espiam a história)
nem se moverá com as lembranças
(que amontoam os retratos).
O morto
tomou destino ignorado.
II
Não tenham medo:
o morto não se levantará
de sua solene posição
deitado como nunca
com seu nariz e seu sapato
em
riste.
O morto
tomou destino ignorado:
em que planície nos céus
sibila o seu silêncio?
Com sua armadura desfeita
o que resta é inútil:
não suporta o vento
(que sopra com a chuva)
não será restaurado nos museus
(que espiam a história)
nem se moverá com as lembranças
(que amontoam os retratos).
O morto
tomou destino ignorado.
II
Não tenham medo:
o morto não se levantará
de sua solene posição
deitado como nunca
com seu nariz e seu sapato
em
riste.
III
O morto
(saibam)
não segue no cortejo:
segue um morto
(peso inútil)
que o limite do nosso olho vê.
IV
O morto independe da vontade
dos que lhe jogam areia e flores
dos que lhe dizem orações e calam
dos que choram e esquecem
- o morto
agora
é eterno.
V
Lembramos o tamanho do morto
com suas roupas
com sua voz
com sua dor
e choramos o tamanho que falta
a lágrima que salta
em nós
até quando aprendermos
a não ser somente vivos.
(do livro “Poesia provisória”)
5 comentários:
Quando aprendermos a amar o espirito que vive na matéria não choraremos mais a ausencia da matéria , mas vamos nos alegrar em saber que o espirito é eterno.
beijos dio
De onde tira estas fotos lindas heim?
Ei, queremos mais poemas para Autêntica!! espero...
Acabei de encontrar seu rastro no Artes. O morto aos mortos. Li uma frase ali embaixo que adorei: "tenho versos para todos os degostos".
Beijo em vc, Nirton.
Pode linkar sim, Nirton. Um fim de semana super pr'ocê! ;)
Choramos o puro egoísmo
Que falta de alguém faz em nós
Um choro absorto
O choro por quem chora um morto.
**Estrelas**
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