terça-feira, 20 de setembro de 2005

anônimo

foto Nicholas Davies

Eu nunca deixo pistas dos meus pecados.
Escondo meus delitos
e deixo a condenação para a volta.
Estou muito apressado.

Eu nunca deixo atalho
para me descobrirem:
prefiro o próximo encontro
com o que encontrar próximo aos meus olhos.

Eu nunca deixo traços dos meus planos.
Deixo o resultado de tantos enganos
como pudesse ser também seu
aquilo que foi somente meu.

Não passo procuração para sentimentos
enquanto viajo para lugar desconhecido.

Este poema pode me custar a vida.
Pode me custar os amigos.
E me gostarem os inimigos.

Mas não deixarei rascunho dos meus reversos.
(do livro "Poesia provisória")

6 comentários:

Claudio Eugenio Luz disse...

Genial. Expressa bem a máquina de moer sentimentos.É surpreendente como os olhos do poeta consegue romper a normalidade para recompor a humanidade.

Anônimo disse...

muito bom ler seus comentários, meu caro Eugênio.

Anônimo disse...

muito bom ler seus comentários, meu caro Eugênio.

Anônimo disse...

Sem rascunhos então...Abs.

Anônimo disse...

sem rascunhos, dona.

Anônimo disse...

> Nirton, li o poema de um fôlego e quase o perdi. É fascinante como você, o poeta (ou o personagem), se dirige ao leitor. A foto do homem escondido foi um achado. O poema é um desnudamento total, como se o poeta quisesse dizer que nada importa mais - agora quer dizer tudo, mesmo que os outros não o compreendam.