sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

selo


e o grude de casa nos dedos colando os sonhos

e a goma arábica nos dedos unindo as distâncias
- Trecho do meu livro Trem da memória
Editora Radiadora, 2022
Disponível na 37ª Feira do Livro de Brasília
Estande Celeiro Literário Brasiliense
24/11 a 3/12

 

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

pretérito

´
Foto: Ismar Lemes de Abreu

Do lado fronteiriço do pai
meu avô joão
com um canivete esculpia palitos para os dentes
com lascas do cercado trazidas do curral
onde o boi mugia no final da tarde
a tarde que intendia o alpendre
o alpendre que estendia meu olhar
o meu olhar que entendia meu avô
e os fiapos de madeira pelo chão
e as réstias da tarde pelo vão
e os palitos no colo do avô joão.
Entre o velho e o menino:
os palitos,
a tarde
e o coração.
Trecho do meu livro Trem da memória
Editora Radiadora, 2022
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado Viana
Disponível na 37ª Feira do Livro de Brasília
Estande Celeiro Literário Brasiliense
24/11 a 3/12

 

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

o trem da minha vida


Trem da memória, de Nirton Venancio (Editora Radiadora, 2022), é uma viagem sensorial, sinestésica, desperta muitas sensações. Embarca-se na viagem do Nirton menino e viramos meninos também. A composição poética, do ponto de vista da estrutura, é desordenada no sentido de que ela não precisa cumprir versificação. E assim, as palavras dançam, brincam. Percorrem linhas horizontais e verticais. O trem parece que quase descarrilha em algumas páginas, sai dos trilhos várias vezes em alguns trechos, e é quando a gente mais viaja!
Um cenário em cada estação, um episódio da família, da vizinhança, fatos da memória, são narrados como uma sequência de filmes que passaram pela cabeça do autor e pela do leitor, porque vamos construindo um filme também.
E o trem vai seguindo, tomando o rumo e prumo no final. Ou não, porque nas últimas páginas o trem que trouxe o menino do interior “chegou à estação João Felipe”, na capital, “e continua nos trilhos de minha vida”. “O que escrevo são incompletudes”, avisa o poeta.
Faz tempo que não caio de encantos por uma poesia que foge muito ao estilo do que tenho lido.
- Meire Viana, poeta, professora de literatura (Fortaleza)
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O livro concorre ao 65º Prêmio Jabuti, IX Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa, Faro, Portugal, e Prêmio Literário Biblioteca Nacional.
À venda com o autor e pelo site www.radiadora.com.br


 

sábado, 9 de setembro de 2023

quando o poema ganha outra dimensão


O vento forte da vida nos mantém nessa praia lírica da amizade, do afeto, da delicadeza, querida Mona Gadelha, desde tanto mar dentro de nós. Meu coração abraça o seu. Amores que estendem os braços.

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

um trem na praia



Os olhos pequenos
(bilas que brilhavam
nos cantos da casa)
vasculhavam (também) os telhados
donde vazava o sol
e quando no negrume
as estrelas sobravam:
e
caiam
lentas
em
minha
rede
de
brim....
Versos de Trem da memória (Editora Radiadora, 2022) lidos literalmente ao balanço de uma rede, em frente ao marzão cearense da Praia da Baleia.
O colo, o coração, o afeto da amiga Meire Viana: mais uma estação.
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O livro concorre ao 65º Prêmio Jabuti, Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa 2023, IX Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa, Faro, Portugal, e Prêmio Literário Biblioteca Nacional.
À venda com o autor e pelo site www.radiadora.com.br

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

paredes da memória


A cidade ontem era outra
foi crateús
quando volto crescido
(no expresso rápido do zé arteiro)
e procuro a asa que fui
na casa que foi:
fazer dessa casa
os mesmos tijolos de antes
(...)
A casa
sempre foi poema.
Cada dia,
um verso
cada filho,
poeta.
(...)
Se não trago o menino de volta,
alcanço o homem e sua revolta.

- Trechos de Trem da memória (Editora Radiadora, 2022)

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O livro concorre ao 65º Prêmio Jabuti, Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa 2023, IX Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa, Faro, Portugal, e Prêmio Literário Biblioteca Nacional.
À venda com o autor e pelo site www.radiadora.com.br


 

segunda-feira, 31 de julho de 2023

incompletudes da memória


Trem da memória, de Nirton Venancio (Editora Radiadora 2022), sinto-o como escrita pulsátil. Cheio de vida, cada palavra pulsando em cada verso projeta um caminho (imperfeito, porquanto memória) que é, a um só tempo, procura e encontro, escavação, via passado, e edificação, por ele, para o agora que pode ser hoje no momento do depois. O "trem" proposto no título é de uma felicidade tão grande, enquanto expressividade de ideia, que, ao lê-lo, somos levados a saber estarmos diante de uma escrita que se teceu como movimento e que, por isso, nos faz trafegar por trilhos, ligando tempos de ontem aos tempos de agora. Via memória.
A cada verso de cada página, nós, leitores, nos deparamos com um “cascaviar” poético intenso e desafiador. Nesse processo, o eu lírico declara, já próximo do final da escrita feita:
O que escrevo são incompletudes:
há sempre quem lembro
e volto a sua casa
peço água e pergunto se sabe de mim
- o neto da costureira, o filho do bodegueiro.
Há sempre quem deslembro
e bate a minha porta
nada pede e pergunta se conhece quem foi
- o pai de lourim, o avô de fransquim.
Incertezas. Sim, o lidar com a memória causa o encontro com questões nem sempre possíveis de serem respondidas.
- Trecho do artigo Poesia que se eterniza, de Chico Araujo, poeta, professor do Centro Universitário Christus, publicado no jornal O Povo, Fortaleza, 23/6/2023
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O livro concorre ao 65º Prêmio Jabuti, Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa e IX Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa, Faro, Portugal.
À venda com o autor e pelo site www.radiadora.com.br