"Segunda-feira (8/4), um daqueles dias: 'quando tudo pede um pouco mais de calma. Até quando o corpo pede um pouco mais de alma'...Tarde chuvosa. Dor de cabeça durante todo o dia (cabeça 'pesada' dói..). Meio lentificada de analgésicos, lembrei de um compromisso no início da noite. Lançamento de livro de poemas, algo que tanto gosto. Havia dito ao autor, quando do recebimento do convite: 'Presente! com muita alegria'. No que ele respondeu: 'Traga alegria e o Elicio em seu coração. Tenho abraços guardados para os dois'.
Pois bem, nada que um bom banho não resolva. Minha vontade de estar no lançamento do amigo Nirton Venancio (cineasta, poeta, roteirista, professor de literatura e cinema) era enorme. Primeiro porque ele faz parte do meu bem-querer. Segundo porque nutro admiração pelo conhecimento e qualidade literária dele. Aliado a isso, a minha expectativa de conhecer o 'novo rebento' do Nirton, tão aclamado e festejado em Fortaleza, onde lançou primeiramente.
Nirton iluminou a noite no Bar Beirute. Seu riso de menino grande estava, ainda, mais franco e matreiro, entre os amigos. O abraço 'de coração' (como ele costuma dizer) veio com palavras afetuosas: 'estou feliz que VOCÊS vieram'... Sim, nesse momento Nirton, Elicio e eu demos um terno e 'provisório' abraço.
Alimentada de poesia, afetos, encontros, risos e boas prosas, vim pra casa. Meu corpo tava leve. Ágil. Apreciava a chuva caindo mansamente. Sensação de sono.
Sono? Pra que quando se tem nas mãos um livro de Nirton? Imediatamente comecei a folhear um aqui outro ali. Gosto de me sentir encantada... o livro começou a fazer isso. Como ler 'O Morto' e não se sentir tocada na transitoriedade e finitude da existência? E entrar num rio de emoções ao me deparar com 'Bagagem', que além de caber tudo e todos, cabe a essência. Ah! Nirton, você usa faca afiada como no poema 'Grito'. E usa plumas coloridas para nos conduzir em voos de leveza e ternura, usando simplicidade como quem brinca de pião, como me senti nos poemas 'Carinho' , 'Abstenção', 'O Afeto'.
Bem, na noite de segunda-feira foram os que li, mas sei que o livro 'Poesia provisória' me fará companhia por muito tempo. Já ganhou lugar de destaque no meu criado mudo.
Parabéns, querido amigo. Agora digo eu: 'meu coração lhe abraça'"
- Olivia Maria Maia, poeta, escritora