"Semana passada tive a felicidade de ganhar um presente muito especial, chamado 'Poesia Provisória', do escritor de múltiplos talentos - Nirton Venancio. Que apropria-se da arte de escrever, como uma lavrador que semeia sua terra. Respeitando a pausa do poema, assim como de todo o processo de criação.
Descreve cores temporais com maestria. Perceber é uma das palavras-chave da obra, das que nos atentam que o sentido da vida é o próprio ato de sentir. É infinito, o mundo das palavras. Torna-se imortal, quem dentro deste mundo firma seu valor. Ao falar da solidão: me remete a solidão das metrópoles (repletas de produtos de última geração, pessoas caminhando entre si completamente desconectadas umas das outras, sentindo aquele frio-vazio-saudosista de um fim de tarde que faz lembrar pai ou mãe que já partiu. Li 'Asas', ouvindo Nina Simone, percebo mais ainda a delicadeza da mímica presente em um dos poemas de Nirton, que transforma a dor em saudade em apenas 5 versos. Em 'Malogro', descreve inutilidades urgentes, necessárias, emergentes. Lembrei de Manoel de Barros.
O poeta caminha de mãos dadas com o tempo, transforma 'cada dia' em unidade de grandeza (genial!). 'Lembramos o tamanho do morto e choramos o tamanho que falta'... me fez lembrar que quando o fogo é fátuo, a saudade arde dos dois lados. Nirton narra a ausência com serenidade, delicadeza e maturidade. Guarda seus afetos no relicário do peito e em seguida os doa, aos seus leitores, aos seus amigos e aos seus amores. Reparte-se em mil e múltiplo de si, descreve a saudade, a distância, a ausência, a solidão, o desalento, e para finalizar... o exílio.
Sobre o livro? Dá pra sentir o amor que existe dentro dele. A poesia é provisória, mas a leitura urgente! Recomendo demais!"
- Carolina Capasso, poeta