foto Henri Cartier-Bresson
Minh’avó caminhava pela grande casa.
Minh’avó muito pequena, até um dia desses,
caminhava pela grande casa.
Continuava com seus passos
seu cansaço
seus laços.
Minh’avó alterou a lei da física:
carregava no seu espinhaço tão frágil
décadas décadas décadas
datas datas datas
dias dias dias
carregava festas
aniversários
e algumas compras
carregava guerras
revoluções
e algumas brigas.
Teimosa, não se dava conta de toda essa carga
e olhava pela janela
o automóvel na rua
a moça na calçada
e ninguém mais em direção à igreja.
Minh’avó muito pequena, até um dia desses,
caminhava pela grande casa.
Continuava com seus passos
seu cansaço
seus laços.
Minh’avó alterou a lei da física:
carregava no seu espinhaço tão frágil
décadas décadas décadas
datas datas datas
dias dias dias
carregava festas
aniversários
e algumas compras
carregava guerras
revoluções
e algumas brigas.
Teimosa, não se dava conta de toda essa carga
e olhava pela janela
o automóvel na rua
a moça na calçada
e ninguém mais em direção à igreja.
(do livro "Trem da memória")
3 comentários:
Caro Nirton
Esse poema lembra muito a minha avó, era uma bela indigena que como te contei nasceu numa tribo no Pará e aos 14 anos chegou ao Ceará, morou a vida toda numa fazenda de nome " jacu" era um passáro que habitava por lá mas depois sumiu...ela me ensinou desde cedo os costumes indigenas, fazia panela de barro, fiava e fazia redes, cultivava horta e banho de preferência no rio, aos 6 anos aprendi nadar com ela que me disse..vá para o rio, aprenda a nadar e ser forte, sempre cozinhou no fogão a lenha e morreu com o coração crescido..boas e saudosas lembranças...eternas.
Dioneide
Ah tenho tentado escrever algo sobre a nossa história e do nosso povo de lá..que resistem ao tempo sem perder as raízes..
Dioneide
http://www.raizeseasas.blogspot.com
bom...tb tenho vozinha.
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