quarta-feira, 7 de setembro de 2005

trechos

foto Ailine Liefeld

Tudo foi (tão) de repente
diante dos meus olhos
que não houve tempo
para retornar ao corpo do menino
que brincava na calçada.

A memória viaja
-trem inútil-
e não traz as roupas
que se vestia nas tardes de domingo
e a estrada some
deixando o mundo
como um grande circo
na praça da estação.
(...)
Mas o menino sumiu:
foi embora como quem cresce
e silenciosamente
atravessou os trilhos noturnos
da ponte de ferro
sobre o rio poty
onde as águas são barrentas
e as lavadeiras tristes.

Ninguém sabe do menino:
saberiam alguma notícia
se soubessem dos meus sonhos
de voar nas asas do bimotor
que pousava como um pássaro barulhento
nas tardes quentes do interior
(ali)
longe das feiras
rumo ao silêncio dos planetas
onde outro avião (de plástico) nunca chegou.

Não foram dados ao menino
nem os planetas
nem os presentes de todos os natais.
Aos poucos
esperava o mar com sua solidão
e em cada porto
uma cidade para atravessar.

(trechos do livro "Trem da memória")

5 comentários:

Anônimo disse...

Nirton

Essa foto dos trilhos lembrou-me quando era criança e costumava viajar com meus pais e irmãos para a fazenda " jacu" onde meus avós moravam, ia de trem..no " sonho azul" acho que era esse nome, cruzavamos os caminhos em silencio, lembro dos tuneis e das paisagens, da estrada carroçal...da vida silenciosa, no final de tarde o sol se punha e os raios vermelhos brilhavam..essa foto me levou de volta ao passado e aquela menina que o tempo não levou e como diz o poema ' como um grande circo na praça da estação"

abraços
Dioneide
http://www.raizeseasas.blogspot.com/

Anônimo disse...

Dioneide, sua visita e leitura por aqui é sempre agradável.

Anônimo disse...

Nirton

Veja o poema que escrevi( muito imperfeito..)

Infinito..
Olhando o infinito..
ouvi a música do meu coração..
e evitei a tristeza
que passou acelerada..
a poesia recitou alguns versos
sonhei que sonhava..
mas a realidade despertou-me
debrucei sobre a janela da vida
embriagando-me na estrada
longiqua do infinito
dos ouvidos do mundo...
DioneideOlhando o infinito..
ouvi a música do meu coração..
e evitei a tristeza
que passou acelerada..
a poesia recitou alguns versos
sonhei que sonhava..
mas a realidade despertou-me
debrucei sobre a janela da vida
embriagando-me na estrada
longiqua do infinito
dos ouvidos do mundo...
Dioneide

http://www.raizeseasas.blogspot.com

Anônimo disse...

Desculpe
ele foi repetido mas é só esse..

Olhando o infinito..
ouvi a música do meu coração..
e evitei a tristeza
que passou acelerada..
a poesia recitou alguns versos
sonhei que sonhava..
mas a realidade despertou-me
debrucei sobre a janela da vida
embriagando-me na estrada
longiqua do infinito
dos ouvidos do mundo...
Dioneide

Anônimo disse...

O importante, Dioneide, é ser perfeito no conteúdo. Na forma se arruma... A poesia primeiro vem. Depois é que exige uma forma para se manifestar.