Santa Luzia iluminava
a minha
infância que dormia.
Nas manhãs quentes do interior:
o facho de luz vindo da telha
quebrada
(o menino na
rede,
a parede
azulada
a cenografia do
quarto
:
o enquadramento que me guardava
no passado
que vi do futuro).
A jovem siciliana que minha tia-avó trouxe da feira
protegia meus olhos que acordavam
focava sua luz neorrealista
no quintal em
mim
para o dia que começava
no sertão sem
fim.
Cada manhã abençoada
com a oferenda do par de
olhos na bandeja.
Casa desfeita
parentes idos
santa nas retinas.
Na parede da memória,
essa lembrança é o quadro que brilha mais
no meu cinema paradiso.
- Trecho de ©Trem da memória, meu próximo livro, com lançamento previsto para fevereiro de 2020, com prefácios de Valdi Ferreira Lima e Mailson Furtado. Mais do que prefácios, duas viagens no trem, num lado e outro das janelas.
Hoje, 13 de dezembro, dia de Santa Luzia. Em seu louvor, a devoção na poesia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário