sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

todas as metades

Meu primeiro poema musicado foi Ventania, do livro Roteiro dos pássaros, Editora Lourenço Filho, 1981, por Ricardo Augusto.

Não sou um letrista para canções. Sou apenas um poeta aprendiz e escrevo poemas para “dar coerência aos sonhos”, como disse Pirandello. A poesia tem sua musicalidade. Mas quando um poema, já com seu corpo definido, ganha uma melodia, ele se engrandece, ganha uma alma, uma outra dimensão. O poema se duplica. E se triplica na audição do outro.
A melodia está lá, na extensão de cada verso, no fôlego de cada palavra, na rima de uma emoção. O poeta não se dá conta. A escrita é uma canção embutida. Vem o músico e encontra as notas, porque só a ele cabe o sol que ilumina dó-ré-mi-fá-lá-si.

Depois de Ricardo Augusto, outros compositores cearenses desenharam música em alguns poemas, Bernardo Neto,
Calé Alencar
,
Parahyba de Medeiros
,
Alan Morais
,
Zé Rodrigues
,
Charles Wellington
,
Gildomar Marinho
,
Evaristo Filho Freitas
,
Eugênio Leandro
, o carioca Berto Mendes e o goiano-brasiliense
Rubi
. É sempre uma saudável perplexidade o encontro com a outra margem do rio.
Recentemente Alan Morais e Zé Rodrigues postaram no Spotify os EPs com as parcerias, respectivamente, Lunar e Metade, publicados no meu livro Poesia provisória,
Editora Radiadora
, 2019. No mesmo serviço de streaming está Ventania, gravada por
Mona Gadelha
no disco Cidade blues rock nas ruas, Brazilbizz, 2013, e também no DVD do show apresentado na Caixa Cultural de Fortaleza, 2014.
Abaixo, os links de cada uma. Grato a todos os parceiros pelas metades que somamos.

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