Meu primeiro poema musicado foi Ventania, do livro Roteiro dos pássaros, Editora Lourenço Filho, 1981, por Ricardo Augusto.
Não sou um letrista para canções. Sou apenas um poeta aprendiz e escrevo poemas para “dar coerência aos sonhos”, como disse Pirandello. A poesia tem sua musicalidade. Mas quando um poema, já com seu corpo definido, ganha uma melodia, ele se engrandece, ganha uma alma, uma outra dimensão. O poema se duplica. E se triplica na audição do outro.
A melodia está lá, na extensão de cada verso, no fôlego de cada palavra, na rima de uma emoção. O poeta não se dá conta. A escrita é uma canção embutida. Vem o músico e encontra as notas, porque só a ele cabe o sol que ilumina dó-ré-mi-fá-lá-si.
Depois de Ricardo Augusto, outros compositores cearenses desenharam música em alguns poemas, Bernardo Neto,
Calé Alencar
, Parahyba de Medeiros
, Alan Morais
, Zé Rodrigues
, Charles Wellington
, Gildomar Marinho
, Evaristo Filho Freitas
, Eugênio Leandro
, o carioca Berto Mendes e o goiano-brasiliense Rubi
. É sempre uma saudável perplexidade o encontro com a outra margem do rio.Recentemente Alan Morais e Zé Rodrigues postaram no Spotify os EPs com as parcerias, respectivamente, Lunar e Metade, publicados no meu livro Poesia provisória,
Editora Radiadora
, 2019. No mesmo serviço de streaming está Ventania, gravada por Mona Gadelha
no disco Cidade blues rock nas ruas, Brazilbizz, 2013, e também no DVD do show apresentado na Caixa Cultural de Fortaleza, 2014. Abaixo, os links de cada uma. Grato a todos os parceiros pelas metades que somamos.
Metade, Zé Rodrigues
Lunar, Alan Morais
Ventania, Mona Gadelha
Ventania ao vivo, Mona Gadelha
Nenhum comentário:
Postar um comentário