quinta-feira, 30 de março de 2023

perfume da memória


Trem da memória, de Nirton Venancio, é poesia de elevada qualidade, que emana um perfume do melhor memorialismo de Drummond, sem abrir mão de um estilo pessoal já inconfundível.

O curioso, e que confere uma força lírica extraordinária, é que, muito embora vazado numa linguagem poética de corte clássico, as imagens não se derramam com sentimentalismos afetados. Há uma precisão, um rigor na composição do texto que lembra João Cabral, ecoa Drummond e reedita a leveza poética de Manuel Bandeira. Só um grande poeta o faria num mesmo poema, e Nirton Venancio o faz com maestria! Sem deixar de ser original, frise-se!
Por último, impressiona o domínio da carpintaria poemática, a estruturação do texto enquanto 'coisa produzida', enquanto forma, enquanto matéria artística! Parabéns, imenso poeta!
- Alder Teixeira, professor de Estética, História da Arte, Literatura Dramática e Comunicação e Linguagem, UECE e IFCE.
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Trem da memória, Editora Radiadora, 2022
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado
O livro concorre ao Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa 2023 e ao IX Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa, Faro, Portugal.
À venda com o autor e pelo site www.radiadora.com.br

 


 

quinta-feira, 16 de março de 2023

viagem, vida e poesia sem fim


Ao adentrar no vagão e tomar assento numa poltrona colada à janela, descobri de imediato que a viagem seria mais que uma aventura. Trem da memória (Editora Radiadora, 95 páginas, 2022, impressão e acabamento Expressão Gráfica, Fortaleza-CE), do cineasta, roteirista, poeta e professor de literatura e cinema Nirton Venancio, é um desfile de experiências sensitivas carregadas de recordações, reminiscências, lembranças e memórias abissais e emocionantes.

O dúplice Poesia-Memória transborda de forma pungente, fazendo da janela desse trem alado ora telinha de TV preto e branco, ora telona cinemascope colorida. Às vezes, um pano circense, outras um oitão de igrejas interioranas. Até mesmo a janela se faz de binóculo a perscrutar minudências existenciais e poéticas de expressão maiúscula no enquadramento da janela, que se transubstancia em monóculos coloridos cheios de amostras do cotidiano, das religiosidades, de laços familiares, de saudades, de desvãos, de baú de ossos... De instante a instante, somos sacolejados num "trempoema" pleno de relicários, confessionários, sacos de confetes e serpentinas, testamentos, inventários e diários íntimos do outrora.
Há na viagem intertextualidades e dialogismos que põem nos trilhos cinema e literatura, cotidiano e memória, passado, presente e futuro. Há reencontros de personagens reais e ficcionais em roteiros pactuados da história de vida real e de imaginários variados, coloridos, pretos e brancos, multifacetados, polissêmicos, cujos diálogos se desdobram e recobram existencialmente uma cosmovisão ao mesmo tempo impressionista e expressionista de inundar olhos e corações.
Ao final, não da viagem - porque essa é sem fim ante a estação passado-presente-futuro -, há um lindo inventário. Mesclado de pessoas, lugares, sabores, imaginários individuais e coletivos, experiências, sensações, emoções, efemérides, eventos, acontecimentos e uma plêiade de existências concretas e ideais que nos impulsionam a algo agônico ou memorial ante o trem que não descarrilha, mas nos cutuca encantadoramente. Nirton Venancio não é apenas o maquinista; é o passageiro que nos faz sonhar acordados. Ora em aconchego com as metáforas, ora em acalanto com a poiesis.
- Ronaldo Salgado, jornalista, professor da Universidade Federal do Ceará, autor de A crônica reporteira de João do Rio, dissertação de mestrado publicada em livro pela Edições Leo em 2006.
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Mais do que analisar o livro, você auscultou o poeta, caro Ronaldo. Tocou em pontos que estão no mais íntimo espaço de minha memória.
E parafraseando Caio Fernando Abreu, no meu coração tão cheio de marcas e poços, de trens e lugares, seu olhar afetuoso e preciso ocupa um dos lugares mais bonitos nessa viagem.
Imensamente grato.

terça-feira, 14 de março de 2023

a poesia, o poema


Do meu livro Poesia provisória, Editora Radiadora, 2019.
 

quinta-feira, 9 de março de 2023

Armadura


Poema Armadura, do livro Poesia provisória.
Pena de Ouro é um concurso para contos e poemas, interagindo com autores de toda a lusofonia.
Os textos finalistas são avaliados por jurados do Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe.

 

terça-feira, 7 de março de 2023

eu viajei de trem



Quando li esse livro percebi que já fiz várias viagens nesse trem. Memórias quase esquecidas, quase apagadas e que através das emoções despertadas na leitura se tornaram vivas novamente. Lindo!!!
- Maurício Rolo, fotógrafo (Brasília)

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Trem da memória, Editora Radiadora, 2022
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado
À venda pelo site https://www.radiadora.com.br/ e com o autor.


 

sexta-feira, 3 de março de 2023

incompletudes da memória


Ler leva tempo, mesmo poesias, são várias e é uma só, nós sabemos. O que vai fundo agora, pode mudar amanhã, depois, pode ser outra a preferida, uma mais curta que condensa tudo, ou a mais longa que nos pega exatamente porque não leva a nada ou leva a lugares nunca antes visitados, e vai tecendo a si própria sem começo nem fim.

É misterioso ler poesia, um mistério do leitor consigo mesmo. O livro pode ficar dias no sofá, na poltrona, largado ao lado de outros, na mesa de trabalho, no vão da pequena biblioteca, você passa, vê e não dá bola, “agora não, depois”. E os poemas ali, fiéis, vão saber o que fizeram ou ainda farão com você, leitor.
Tudo isso só para dizer agora que:
“O que escrevo são incompletudes” me pegou pelo pé de um jeito que estou girando até agora.
- Ieda Estergilda Abreu, poeta e jornalista (São Paulo), conceituando a relação leitor-poesia, citando um verso do meu livro Trem da memória (Editora Radiadora, 2022).
Conceituando, citando, girando: o gerúndio é sempre movimento.
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O livro está à venda pelo site www.radiadiora.com.br e com o autor.