A cidade.
O que é esta cidade, nova,
senão o meu berço desfeito em outras paredes?
o que é esta distância
(medida a olho e lágrima)
senão o tamanho que me separa do riso
e da dúvida?
Fazer desta casa
:os mesmos tijolos de antes
os parentes seguiram no tempo
envelheceram
e desfolharam os janeiros no quintal
a casa encolheu suas paredes
feito as rugas na pele dos avós
as paredes envelheceram no tempo
seguiram
e encolheram os janeiros no quintal
a casa desfolhou seus parentes
feito as rugas na pele dos avós
fazer desta casa
:os mesmos tijolos de ontem.
O que é esta cidade, nova,
senão o meu berço desfeito em outras paredes?
o que é esta distância
(medida a olho e lágrima)
senão o tamanho que me separa do riso
e da dúvida?
Fazer desta casa
:os mesmos tijolos de antes
os parentes seguiram no tempo
envelheceram
e desfolharam os janeiros no quintal
a casa encolheu suas paredes
feito as rugas na pele dos avós
as paredes envelheceram no tempo
seguiram
e encolheram os janeiros no quintal
a casa desfolhou seus parentes
feito as rugas na pele dos avós
fazer desta casa
:os mesmos tijolos de ontem.
(do livro "Trem da memória")
5 comentários:
Há conto que escrevi onde a situação é inversa:"E por não se lembrar de afagos ou outras alegrias, se quiser, pode agora entrar, beber, berrar e brigar. A casa está vazia e não há ninguém para acolher nem para dizer adeus."
Esse é o trecho final. Em sua poesia há a memória, cheiro da infância e de sentimentos que nos acompanham pelo resto da nossa existência. Quando é que, afinal, vou ler a obra toda?
Hábraços
Eugênio,
realmente há cheiro de infância nesse poema, aliás, no livro todo "Trem da memória": a casa onde nasci, vivi, as pessoas que me rodeavam, as coisas que eu via... até chegar ao espanto da cidade grande!
"Trem da memória" tá esgotado. É um longo poema e junto com mais dois de outros (dois) poetas, fizemos uma só publicação intitulada "Cumplicidade poética". Como esse poema se estendeu fora do meu controle emotivo, tô preparando uma edição-solo. Você será um dos primeiros a recebê-lo.
Lindo poema. Adorei!!
Obrigado por visitar o meu blog.
A casa que ficou na infância, a casa de hoje. Os avós que morreram, as
paredes que perderam a cor. Tudo é poesia.
Que poesia linda, adorei!Beijinho.
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