(Os poemas aqui publicados estão registrados na Biblioteca Nacional. Podem ser reproduzidos desde que mencionados a fonte e o autor)
sexta-feira, 28 de abril de 2006
sábado, 22 de abril de 2006
cofre
Quando quiseres
venhas
e gires com as pontas dos dedos
o meu coração.
Encontrarás
teus segredos nos meus olhos abertos.
Guardo no peito
o íntimo
de quem se achega.
(do livro “Poesia provisória”)
venhas
e gires com as pontas dos dedos
o meu coração.
Encontrarás
teus segredos nos meus olhos abertos.
Guardo no peito
o íntimo
de quem se achega.
(do livro “Poesia provisória”)
quarta-feira, 19 de abril de 2006
domicílio
Não me procure nesse endereço:
meu coração mudou-se.
Pouco resta do antigo inquilino.
A casa está vazia.
(do livro “Raios”)
meu coração mudou-se.
Pouco resta do antigo inquilino.
A casa está vazia.
(do livro “Raios”)
terça-feira, 18 de abril de 2006
armadura
Meu corpo é a única coisa que tenho
que é nada
e como suicida
luto contra moinhos, tempestades e solidão
que é tudo.
Escondo-me nesta armadura de ossos, carne
e vestimentas
e espio a vastidão do mundo pelos buracos dos olhos
como quem espia lugares estranhos
infinitos
perigosos.
Meu corpo é a única coisa que tenho
para carregar o pretexto da alma.
É magro, feio e escandaloso
o corpo
mas é única coisa que tenho
para caminhar pelo tempo e pelos sertões.
Garantia não tenho
se o meu corpo é forte e frágil ao mesmo instante
se sujeito-me ao abismo
ao chão
à poeira
se estou marcado para me tornar saudade
lembrança
e fotografias
e me história não terá mais
um cavalo para montar
e serei uma estátua invisível no espaço.
Garantia não tenho de nada
nada
não levarei escondido no bolso
nenhuma semente
nenhum suspiro
nenhum gesto
pois tudo é podre
condenável
consumível.
Só é garantido o mais difícil:
a miragem na imensidão
o que se supõe ao longe
o completo mistério
para se chegar até lá
não se sabe com que corpo
não se sabe com que asas
não se sabe.
(do livro “Poesia provisória”)
que é nada
e como suicida
luto contra moinhos, tempestades e solidão
que é tudo.
Escondo-me nesta armadura de ossos, carne
e vestimentas
e espio a vastidão do mundo pelos buracos dos olhos
como quem espia lugares estranhos
infinitos
perigosos.
Meu corpo é a única coisa que tenho
para carregar o pretexto da alma.
É magro, feio e escandaloso
o corpo
mas é única coisa que tenho
para caminhar pelo tempo e pelos sertões.
Garantia não tenho
se o meu corpo é forte e frágil ao mesmo instante
se sujeito-me ao abismo
ao chão
à poeira
se estou marcado para me tornar saudade
lembrança
e fotografias
e me história não terá mais
um cavalo para montar
e serei uma estátua invisível no espaço.
Garantia não tenho de nada
nada
não levarei escondido no bolso
nenhuma semente
nenhum suspiro
nenhum gesto
pois tudo é podre
condenável
consumível.
Só é garantido o mais difícil:
a miragem na imensidão
o que se supõe ao longe
o completo mistério
para se chegar até lá
não se sabe com que corpo
não se sabe com que asas
não se sabe.
(do livro “Poesia provisória”)
segunda-feira, 17 de abril de 2006
medida
Caberão no poema
quando
soltos,
os beijos
quando
largos,
os abraços
quando
estradas,
os passos
?
(do livro “Poesia provisória”)
quando
soltos,
os beijos
quando
largos,
os abraços
quando
estradas,
os passos
?
(do livro “Poesia provisória”)
quarta-feira, 12 de abril de 2006
metade
O que se vê em mim
não é o todo:
escondo gestos.
O que se sabe de mim
(ainda) não é tudo:
escondo datas
Metade que nem eu mesmo sei
mais corrói do que vive e cresce:
e silenciosamente é uma doença
(e não me esquece).
Convivo como caça e caçador
dentro de mim:
uma hora me acho
a outra não me aceita
e sou metade do rosto desenhada
a outra metade desfeita.
(do livro “Poesia provisória”)
não é o todo:
escondo gestos.
O que se sabe de mim
(ainda) não é tudo:
escondo datas
Metade que nem eu mesmo sei
mais corrói do que vive e cresce:
e silenciosamente é uma doença
(e não me esquece).
Convivo como caça e caçador
dentro de mim:
uma hora me acho
a outra não me aceita
e sou metade do rosto desenhada
a outra metade desfeita.
(do livro “Poesia provisória”)
terça-feira, 11 de abril de 2006
sexta-feira, 7 de abril de 2006
asas
Tirem-me a roupa
o chapéu contra o sol
tirem-me até os braços
as pernas
tampem-me os olhos
mas não tirem as asas
que criei pra mim
tirem-me o domingo
a manhã contra a noite
tirem-me até os feriados
os dias santos
rasguem os calendários
mas não tirem o tempo
que criei pra mim
tirem-me os lábios
o beijo contra o gelo
tirem-me até a voz
o delírio
adormeçam o sexo
mas não tirem o coração
que criei pra mim
(do livro “Poesia provisória")
o chapéu contra o sol
tirem-me até os braços
as pernas
tampem-me os olhos
mas não tirem as asas
que criei pra mim
tirem-me o domingo
a manhã contra a noite
tirem-me até os feriados
os dias santos
rasguem os calendários
mas não tirem o tempo
que criei pra mim
tirem-me os lábios
o beijo contra o gelo
tirem-me até a voz
o delírio
adormeçam o sexo
mas não tirem o coração
que criei pra mim
(do livro “Poesia provisória")
quarta-feira, 5 de abril de 2006
parecer
Pode ler
pode guardar
pode guardar
pode rasgar.
Tenho versos para todos os desgostos.
(do livro “Poesia provisória”)
terça-feira, 4 de abril de 2006
anônimo
Eu nunca deixo pistas dos meus pecados.
Escondo meus delitos
e deixo a condenação para a volta.
Estou muito apressado.
Eu nunca deixo atalho
para me descobrirem:
prefiro o próximo encontro
com o que encontrar próximo aos meus olhos.
Eu nunca deixo traços dos meus planos.
Deixo o resultado de tantos enganos
como pudesse ser também seu
aquilo que foi somente meu.
Não passo procuração para sentimentos
enquanto viajo para lugar desconhecido.
Este poema pode me custar a vida.
Pode me custar os amigos.
E me gostarem os inimigos.
Mas não deixarei rascunho dos meus reversos.
(do livro “Poesia provisória”)
Escondo meus delitos
e deixo a condenação para a volta.
Estou muito apressado.
Eu nunca deixo atalho
para me descobrirem:
prefiro o próximo encontro
com o que encontrar próximo aos meus olhos.
Eu nunca deixo traços dos meus planos.
Deixo o resultado de tantos enganos
como pudesse ser também seu
aquilo que foi somente meu.
Não passo procuração para sentimentos
enquanto viajo para lugar desconhecido.
Este poema pode me custar a vida.
Pode me custar os amigos.
E me gostarem os inimigos.
Mas não deixarei rascunho dos meus reversos.
(do livro “Poesia provisória”)
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