Tirem-me a roupa
o chapéu contra o sol
tirem-me até os braços
tampem-me os olhos
mas não tirem as asas
que criei pra mim
tirem-me o domingo
a manhã contra a noite
tirem-me até os feriados
os dias santos
rasguem os calendários
mas não tirem o tempo
que criei pra mim
tirem-me os lábios
o beijo contra o gelo
tirem-me até a voz
o delírio
adormeçam o sexo
mas não tirem o coração
que criei pra mim
- Poema do meu livro Poesia provisória, publicado pela Editora Radiadora, 2019.
- Musicado e interpretado por Rubi, São Paulo, 2020.
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