quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

asas abertas

"Nirton desenha sutilezas através de versos, como querendo plantar cores na aridez dos caminhos, incompatível com as vilanias cotidianas e em estado de embriaguez poética (...) Nirton eu vejo assim, voos de passarinho!"
- Rayanne Stec, poeta
Na sequência de lançamentos em Fortaleza, hoje, 20, às 19h, na Quarta Literária do Abaete Bt, Rua Castro Alves, 513, bairro Joaquim Távora.

domingo, 17 de fevereiro de 2019

próximos lançamentos

em Fortaleza:

19/fev, terça-feira, 19h
Embaixada da Cachaça
na programação Noite Literária
Rua João Brígido, 1245 - Joaquim Távora


20/fev, quarta-feira, 19h
Abaeté Boteco
na programação Quarta Literária
Rua Castro Alves, 513 - Joaquim Távora

sábado, 16 de fevereiro de 2019

revendo o Roteiro

Revendo o belo Roteiro dos Pássaros, primeiro livro de poemas de meu amigo Nirton Venancio e as anotações que fiz ao tentar musicar alguns...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

poesia livre

Lançamento de Poesia provisória, de Nirton Venancio, ao lado sempre do Lula Livre 
- Otávio Oliveira, Livraria Lamarca, Fortaleza, Ceará

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Ventania

O vento forte da vida
assanha os meus cabelos,
molda o rosto,
apaga os passos.

Mas a minha existência
não se limita ao tamanho do corpo:
tenho todo um rosário de dias
e amores que estendem os braços
como se fossem mágicos
e olhos que atravessam o mar
como se fossem pássaros.

Poema do meu primeiro livro, Roteiro dos Pássaros, musicado por Ricardo Augusto, belamente interpretado e gravado por Mona Gadelha em seu disco Cidade blues rock nas ruas, 2013. Lucio Ricardo também encanta com sua interpretação visceralmente blues.
Os dois grandes da música cearense estarão amanhã, sexta-feira, no lançamento-sarau do meu novo livro Poesia Provisória.
No dia do meu aniversário, o presente presença de tanta gente querida em meu coração.
Livraria Lamarca, 19h
Av. da Universidade, 2475, Fortaleza, CE

Arco-íris

Não nos importa a porta fechada
se o nosso canto é bem mais forte
muito mais forte que o ferro das trancas
que não resiste à ferrugem do tempo
como resiste nossa canção
de boca em boca solta no vento.

Como arco-íris de todas as cores
primeiras marés da Era de Aquarius
luz de raio laser no ferro das facas
e nas lamparinas das noites de procissão
pra não dizerem que não cantamos
nossa canção de boca em boca solta no vento

Poema publicado em meu primeiro livro Roteiro dos Pássaros, 1980, musicado por Calé Alencar, que acrescentou versos finais na composição.
Para completar as cores desse arco-íris, o músico chileno Nelson Araya canta a parceria sob o céu da Patagônia. Nossa canção de boca em boca solta no vento, dos Inhamus à cordilheira dos Andes.
Calé, menestrel dos cantos alencarinos, pintará o arco-íris amanhã, sexta-feira, no sarau do lançamento do meu livro Poesia Provisória.
No dia do meu aniversário, o presente presença de tanta gente querida em meu coração.
Livraria Lamarca
Av. da Universidade, 2475, Fortaleza, CE

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

A porção de luz de Nirton Venancio em poesia

“Nirton Venancio é um dos profissionais da mídia com quem aprendi a ter a lucidez de avaliar os acontecimentos que a gente trabalhava, transportá-los ao impresso, com a grandeza da sua participação. Ele dividiu conosco algumas das matérias que fizemos, ele como repórter fotográfico de íntima percepção. E era mais do que isso; era um poeta.
Com ele, aprendi a ter a ciência de que, na calma e na tranquilidade do seu fazer jornalístico, a alma da notícia se incorporava na magia das imagens, Por isso, o envolvimento com a matéria a qual eu produzia me levava a mergulhar no âmago de suas fotos e tirar dali lições que os leitores saberiam absorver.
A imagem que ele fotografava era um componente importante ao texto que as páginas de O Povo abrigavam. Principalmente, porque as fotos do Nirton retratavam um misto de informação e poesia que se escondia por trás dos fatos mais simples. As suas imagens engrandeciam o nosso texto com um subliminar manto de poesia.
Pois esse lado poeta tem aflorado bastante na alma dessa grande alma que ele é. E, agora, sexta-feira, dia 15, uma porção dessa luz materializada em poemas será entregue por ele "aos amigos que sempre estiveram no ponto de vista do meu coração", como ele tão bem escreveu no convite do lançamento.
E ao enviar para mim um desses convites, um elo de orgulho preencheu-me a alma ao saber que, a bonomia de Nirton, me incluiu entre as pessoas de sua estima. O que é que eu queria mais?”
- Nonato Albuquerque, em sua página Gente De Mídia.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

sexta-feira!

15 de fevereiro, meu aniversário. Presenteando-me com o lançamento do meu livro Poesia Provisória e a presença dos amigos. Unindo o agradável ao agradável.
Todos convidados! Meu coração abraça vocês!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

sexta que vem


uma hora me acho

Poema do meu livro Poesia Provisória, incluído no capítulo Explorar as Tardes.
Lançamento: Livraria Lamarca, Fortaleza
15 de fevereiro de 2019, 19h
Em março, Brasília
abril, São Paulo 
maio, Rio de Janeiro

Editora Radiadora, Fortaleza, Ceará
Coordenação Editorial: Alan Mendonça
Produção gráfica e capa: Taliba, Nirton Venancio, Alan Mendonça
Desenho da capa: Fausto Nilo
Prefácio: Carlos Emílio C. Lima
Textos da orelha: Suzana Vargas, Mona Gadelha, Ricardo Augusto, Rayanne Stec, Gildomar Marinho
Revisão: Nirton Venancio e Alan Mendonça
Impressão e acabamento: Expressão Gráfica, Fortaleza

Leitura dos poemas: Shirlene Holanda, Ivonilo Praciano
Apresentação de poemas musicados: Mona Gadelha, Lucio Ricardo, Calé Alencar, Parahyba de Medeiros.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

meu amigo Pedro

No início da década de 80 mantive correspondência com um dos meus ídolos da literatura: o escritor memorialista Pedro Nava. A partir da remessa do meu primeiro livro, Roteiro dos Pássaros, passamos a trocar cartas sistematicamente. Eu remetia publicações, revistas, páginas de jornais, tudo que revelasse uma nova safra de poetas e escritores cearenses. O grande Pedro Nava analisava os poemas com sinceridade, precisão e elegância.
Numa das cartas, Nava destaca e comenta dois poemas que eu acabara de publicar na página semanal de O Povo, organizada por Rogaciano Leite Filho, O Morto e Armadura.
Pelo ritmo de troca de correspondências, preparei-me para ir ao Rio de Janeiro visita-lo, conhecê-lo, abraça-lo, beijar-lhe a testa, levar todos os seus livros para autografar. Não deu tempo.
Um ano depois da carta abaixo, na noite de 13 de maio de 1984, Pedro Nava desce de seu apartamento no bairro Glória, senta-se num banco da praça... e parte, rápido e bruscamente ao som de um estampido.
Os poemas foram inspirados em meu pai. Tornaram-se de Pedro Nava como pós-inspiração, como homenagem, como réquiem que meu coração pronuncia.
O Morto e Armadura estão no meu livro Poesia Provisória, que será lançado no próximo dia 15, e serão lidos, respectivamente, por Shirlene Holanda e Ivonilo Praciano.
Lançamento: Livraria Lamarca, Fortaleza
15 de fevereiro de 2019, 19h
Em março, Brasília
abril, São Paulo 
maio, Rio de Janeiro

Editora Radiadora, Fortaleza, Ceará
Coordenação Editorial: Alan Mendonça
Concepção de capa: Décio Braúna
Desenho da capa: Fausto Nilo 
Prefácio: Carlos Emílio C. Lima
Textos da orelha: Suzana Vargas, Mona Gadelha, Ricardo Augusto, Rayanne Stec, Gildomar Marinho
Revisão: Nirton Venancio e Alan Mendonça
Impressão e acabamento: Expressão Gráfica, Fortaleza

Apresentação de poemas musicados: Mona Gadelha, Lucio Ricardo, Calé Alencar, Parahyba de Medeiros, Bernardo Neto

domingo, 3 de fevereiro de 2019

o tempo e o coração

Poema inserido no capítulo Explorar as Tardes do meu livro Poesia Provisória
Editora Radiadora, Fortaleza, Ceará
Coordenação Editorial: Alan Mendonça
Concepção de capa: Décio Braúna
Desenho da capa: Fausto Nilo 
Prefácio: Carlos Emílio C. Lima
Textos da orelha: Suzana Vargas, Mona Gadelha, Ricardo Augusto, Rayanne Stec, Gildomar Marinho
Revisão: Nirton Venancio e Alan Mendonça
Impressão e acabamento: Expressão Gráfica, Fortaleza

Lançamento: Livraria Lamarca, Fortaleza
15 de fevereiro de 2019, 19h
Em março, Brasília
abril, São Paulo 
maio, Rio de Janeiro

Leitura dos poemas: Shirlene Holanda, Ivonilo Praciano
Apresentação de poemas musicados: Mona Gadelha, Lucio Ricardo, Calé Alencar, Parahyba de Medeiros, Bernardo Neto

sábado, 2 de fevereiro de 2019

é de manhã

Poema do meu livro Poesia Provisória, incluído no capítulo Coração Sitiado.
Editora Radiadora, Fortaleza, Ceará
Coordenação Editorial: Alan Mendonça
Concepção de capa: Décio Braúna
Desenho da capa: Fausto Nilo 
Prefácio: Carlos Emílio C. Lima
Textos da orelha: Suzana Vargas, Mona Gadelha, Ricardo Augusto, Rayanne Stec, Gildomar Marinho
Revisão: Nirton Venancio e Alan Mendonça
Impressão e acabamento: Expressão Gráfica, Fortaleza

Lançamento: Livraria Lamarca, Fortaleza
15 de fevereiro de 2019, 19h
Em março, Brasília
abril, São Paulo 
maio, Rio de Janeiro

Leitura dos poemas: Shirlene Holanda, Ivonilo Praciano
Apresentação de poemas musicados: Mona Gadelha, Lucio Ricardo, Calé Alencar, Parahyba de Medeiros, Bernardo Neto

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

ao pé do ouvido

“Muitas vezes cito o nome de Nirton Venancio como uma voz de valor da literatura brasileira.”
Receber uma menção dessa de Suzana Vargas, poeta e prof.ª de Teoria Literária da URFJ, é o que denomino, feliz e agradecido, de fortuna crítica.
A poeta que sempre li e admirei desde os anos 80, está com essas palavras na orelha do meu próximo livro, Poesia Provisória. Palavras que fazem parte de uma descoberta recente, ao saber que ainda tem o meu primeiro livro, Roteiro dos Pássaros, e que acompanha minha vida literária desde sempre.
Suzana Vargas compôs a equipe de Editores Adjuntos do livro Poesia Sempre, publicação semestral da Fundação Biblioteca Nacional, organizada por Ivan Junqueira. Na edição nº 13, dezembro de 2000, dois poemas meus foram selecionados, Armadura e O morto, para o capítulo Poesia Brasileira Contemporânea. Esses poemas estão no novo livro, onde está Suzana ao pé do ouvido dos meus versos. O afeto sempre faz isso, mantém ligado o bem-querer na simetria do tempo de quem se gosta.
Editora Radiadora, Fortaleza, Ceará
Coordenação Editorial: Alan Mendonça
Concepção de capa: Décio Braúna
Desenho da capa: Fausto Nilo
Prefácio: Carlos Emílio C. Lima
Textos da orelha: Suzana Vargas, Mona Gadelha, Ricardo Augusto, Rayanne Stec, Gildomar Marinho
Revisão: Nirton Venancio e Alan Mendonça
Impressão e acabamento: Expressão Gráfica, Fortaleza

Lançamento: Livraria Lamarca, Fortaleza
15 de fevereiro de 2019, 19h
Em março, Brasília
abril, São Paulo 
maio, Rio de Janeiro

Leitura dos poemas: Shirlene Holanda, Ivonilo Praciano
Apresentação de poemas musicados: Mona Gadelha, Lucio Ricardo, Calé Alencar, Parahyba de Medeiros, Bernardo Neto

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

dobro o canto

Poema do meu próximo livro, Poesia Provisória, incluído no capítulo Explorar as Tardes, musicado pelo querido Parahyba de Medeiros, que deu aos versos craseados uma dimensão gitana, a contração dos acordes que se largam dos sertões dos Inhamuns, passa como um menestrel pelas ruas, revoltas e paixões urbanas e resiste estrada a fora dentro de cada um de mãos dadas.
Gratidão, parceiro.
Editora Radiadora, Fortaleza, Ceará
Coordenação Editorial: Alan Mendonça
Concepção de capa: Décio Braúna
Desenho da capa: Fausto Nilo
Prefácio: Carlos Emílio Correa Lima
Textos da orelha: Suzana Vargas, Mona Gadelha, Ricardo Augusto, Rayanne Stec, Gildomar Marinho
Revisão: Nirton Venancio e Alan Mendonça
Impressão e acabamento: Expressão Gráfica, Fortaleza

Lançamento: Livraria Lamarca, Fortaleza
15 de fevereiro de 2019, 19h
Em março, Brasília
abril, São Paulo
maio, Rio de Janeiro

Leitura dos poemas: Shirlene Holanda, Ivonilo Praciano
Apresentação de poemas musicados: Mona Gadelha, Lucio Ricardo, Calé Alencar, Parahyba de Medeiros, Bernardo Neto

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

poesia para cantar no futuro*

"Musicais poemas, poemas-desejos, espumados, cantados de proa, num gesto de agudo brinde às navegantes estrelas, sintéticos saborosos goles do mais brandido e brando infinito. Cada um desses cadenciamados poemas espera suas declamações extra-mallarmaicas incas aramaicas. Todas as palavras que aqui não são meramente utilizadas, são elas mesmas que se escolhem para chegar. Pousam as aves palavras mais preciosamente intensas nos ramos trêmulos invisíveis dos versos. Recitam-se em sopro silencioso sopro de escrita que escuta este esmero fléxil de micro flautas no azul sem limites da alma. São poemas inteligentemente felizes em seu sintético nada frágil esmerar. São axiomas de trampolins. Agem, pois as palavras só desse modo dispostas é que flutuam em estado de magia. Poesia."

- Trecho do prefácio do escritor Carlos Emílio C. Lima (foto acima) para o meu livro Poesia Provisória.

Mais do que um prefácio, o caro amigo siriaraense, com seu talento e beleza de cachoeira de palavras, faz um manifesto afetivo. Uma honra ter você, observador de olhar atlântico, endossando esses "cadenciamados poemas".

Editora Radiadora, Fortaleza, Ceará
Coordenação Editorial: Alan Mendonça
Concepção de capa: Décio Braúna
Desenho da capa: Fausto Nilo
Prefácio: Carlos Emílio C. Lima 
Textos da orelha: Suzana Vargas, Mona Gadelha, Ricardo Augusto, Rayanne Stec, Gildomar Marinho
Revisão: Nirton Venancio e Alan Mendonça
Impressão e acabamento: Expressão Gráfica, Fortaleza

Lançamento: Livraria Lamarca, Fortaleza
15 de fevereiro de 2019, 19h
março, Brasília
abril, São Paulo
maio, Rio de Janeiro

Leitura dos poemas: Shirlene Holanda, Ivonilo Praciano

Apresentação de poemas musicados: Mona Gadelha, Lucio Ricardo, Calé Alencar, Parahyba de Medeiros, Bernardo Neto

*título do prefácio

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

o que escrevo me entrega

Poema do meu próximo livro, Poesia Provisória, inserido no capítulo Explorar as Tardes.

Editora Radiadora, Fortaleza, Ceará
Coordenação Editorial:Alan Mendonça
Concepção de capa: Décio Braúna
Desenho da capa: Fausto Nilo
Prefácio: Carlos Emílio Correia Lima
Textos da orelha: Suzana Vargas, Mona Gadelha, Ricardo Augusto, Rayanne Stec, Gildomar Marinho
Revisão: Nirton Venancio e Alan Mendonça
Impressão e acabamento: Expressão Gráfica, Fortaleza


Lançamento: Livraria Lamarca, Fortaleza
15 de fevereiro de 2019, 19h

Leitura dos poemas: Shirlene Holanda, Ivonilo Praciano
Apresentação de poemas musicados: Mona Gadelha, Lucio Ricardo, Calé Alencar, Parahyba de Medeiros, Bernardo Neto

domingo, 21 de outubro de 2018

intimidade


O teu silêncio é íntimo.
O teu quarto,
a tua roupa pendurada no cabide,
o quadro na parede é íntimo.
Íntimo é o teu olhar,
as tuas lembranças,
a tua saudade,
as tuas cartas rasgadas
nunca mandadas são íntimas.

Uma canção gemida
nos teus lábios
é íntima como o beijo leve,
como o abraço profundo,
como o golpe na lâmina,
como o sangue jorrado.

Íntimo é o teu modo
de pentear os cabelos diante do espelho,
o cortar das unhas,
o escovar dos dentes.
O teu banheiro é íntimo,
mais íntimo é o teu sexo.

As tuas artimanhas
no ventre são íntimas.
O teu medo é íntimo,
o teu suor nas axilas,
o pulsar do teu coração,
o teu sono sobre o travesseiro.

Íntimo é a escuridão
da tampa do ataúde
quando na tua carne morta.

Íntimo é o teu depois.




quinta-feira, 26 de julho de 2018

quinta-feira, 19 de julho de 2018

quarta-feira, 27 de junho de 2018

sábado, 9 de junho de 2018

quarta-feira, 16 de maio de 2018

domingo, 13 de maio de 2018

terça-feira, 8 de maio de 2018

quinta-feira, 26 de abril de 2018

quarta-feira, 25 de abril de 2018

encontro

Quando quiser
me procure
que lhe acho.

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

doce poesia

Doce Poesia Doce é um projeto da Edital Arte Todo Dia – Ano III, Fundação Gregório de Mattos, prefeitura de Salvador.
De 17 de setembro a 8 de outubro 10 mil poemas impressos embalando balas doces serão distribuídos gratuitamente em praças, escolas, hospitais e postos de atendimento na capital baiana.
Foram 400 poetas selecionados do Brasil e exterior, com 20 cópias de cada um dos poemas escolhidos, totalizando as 10.000 poesias doces para distribuição.
Os poemas estão também postados nas páginas:

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

sol de primavera

foto Luis Carlos Bill
Em Crateús, nas brenhas secas dos Inhamus cearense, primavera era uma estação de trem distante, muito distante, tão distante que nem existia. Que diria outono, que nem aparecia. 
As duas estações de outras cidades a léguas tiranas do sertão, só marcavam nas folhinhas do calendário na parede... e meus olhos retirantes imaginavam o trem nas trilhas.

Na via férrea que cortava o meu fim de mundo, o trem só trazia vagões com a fumaça do verão, e do último, bem lá atrás, jorravam as águas do inverno que transbordavam meu açude no quintal, subiam o verde da roça, e banhavam meu sorriso na bica na calçada.
Abaixo da linha do equador do meu peito, a primavera sempre existiu. Seguida do inverno, a estação reflorescia os ladrilhos ainda molhados. Assim como o outono no coração do menino... e as folhas que caiam das árvores onde brincava de esconde-esconde. O tempo sempre me encontrava.

sábado, 26 de agosto de 2017

o deserto de cada dia

Metrô lotado.
Braços e corações pendurados
no balanço subterrâneo.
Todos ilhados em seus smartfones, iPhones...
O vagão é um deserto pulsante.

terça-feira, 16 de maio de 2017

paráfrase

O domingo me deixa a casa deserta quando atravessa a segunda e não olha pro sábado.

metade

O que se vê em mim
não é o todo:
escondo gestos.
O que se sabe de mim
(ainda) não é tudo:
escondo datas
Metade que nem eu mesmo sei
mais corrói do que vive e cresce:
e silenciosamente é uma doença
(e não me esquece).

Convivo como caça e caçador
dentro de mim:
uma hora me acho
a outra não me aceita
e sou metade do rosto desenhada
a outra metade desfeita.

sábado, 6 de maio de 2017

nostalgia

A saudade nos parte em dois...

quinta-feira, 16 de março de 2017

infância

A infância me levou ao cinema numa tarde no interior.

O cinema me levou a um tempo próximo e distante da fantasia, da idealização inquebrantável que as crianças fazem de um mundo perfeito.

Crescer tem o inconveniente do mundo ficar muito palpável. O dia é irreversível.  A esperança necessita de muito esforço.

O cinema me levou à infância numa tarde do interior. Não encontrei o caminho de volta para casa.

segunda-feira, 13 de março de 2017

colheita



"todo peito
é um roçado
para toda safra
ser das rosas."

Do meu poema Galope, livro Roteiro dos pássaros, 1981 

sexta-feira, 10 de março de 2017

a quem interessar possa

À época, a tiragem foi de 1000 exemplares. Não sei quantos vendidos na noite de lançamento, não me lembro quantos ficaram comigo e doei todos para amigos, não tenho ideia de quantos deixei nas livrarias em consignação, uma quantidade ficou com a Fundação Lourenço Filho, em Fortaleza, que patrocinou a publicação como prêmio do concurso... e um exemplar guardo como troféu na minha estante real.
Agora o site Estante Virtual tem um único exemplar disponível a preço de raridade.
A poesia é gratificante por isso, e expressa exatamente aquilo que não permito que me empreendam: o recolhimento do meu voo, a desfaçatez de dizerem que o Ícaro em que acredito não pode seguir viagem.

domingo, 5 de março de 2017

a poesia

foto B. Berenika, 2012

Para que serve a poesia? Para expressar exatamente aquilo que não permito que me empreendam: o recolhimento do meu voo, a desfaçatez de dizerem que o Ícaro em que acredito não pode seguir viagem.

chuva


Chove muito lá fora na cidade onde estou. 

Chove muito em mim na saudade onde sou.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

parafraseando Drummond

Quando nasci, um anjo invocado
desses que vivem nos sertões
disse: Vai, Nirton! ser artista na vida.

...

Eu não devia te dizer
mas esse calor
mas essa poesia
botam a gente desprovido como sempre!


segunda-feira, 25 de julho de 2016

escrever e amanhecer

Escrever é se expor muito. Escrever é se expor até quando se esconde, quando se disfarçam em sinônimos feitos e defeitos. Escrever é um perigo. Escrever é uma traição. Escrever é ficar nu em plena praça. Escrever é se encontrar e se perder na mesma via de contramão. Escrever é desenhar símbolos que o cérebro comanda. Escrever é um ato neurológico, mesmo quando levado pela correnteza do coração. Escrever é auscultar sentimentos. Escrever é morrer um pouco e amanhecer na leitura.

domingo, 10 de julho de 2016

ganhando a vida em um domingo

foto Rosângela Fialho

Caminhando certa vez em um domingo chuvoso pela deserta W3 Sul, em Brasília, encontro-me com o poeta Arthur Rimbaud... ele me parou com aquele olhar de absinto e me disse os primeiros versos do poema Canção da mais alta torre, soando lentamente como uma advertência: "por delicadeza / perdi minha vida...". E saiu.

Quando me virei, vi que ainda mancava de seu problema no joelho direito. Sumiu por uma daquelas entradas de uma banca de jornal no meio da quadra.

Ainda extasiado com esse encontro, volto a andar e logo me deparo com Che Guevara acendendo o charuto sob a chuva... Olhou-me com aquele olhar da foto de Alberto Korda, soltou uma baforada no meu rosto, que achei ótimo, e disse: "o poeta ali tem razão, camarada... mas é preciso endurecer, sem perder a ternura...", e continuou andando. Viro-me e alguns passos depois ele para, me olha fixamente, e completa, erguendo o charuto: "jamais!".

Ganhei o domingo. Eu que andava como no filme de Jean-Claude Brialy, Os indiscretos pingos de chuva, me vi Gene Kelly em Cantando na chuva.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

lua crescente

foto Nirton Venancio

lua crescente
o escuro cresce
a estrela sente

Paulo Leminski


sábado, 9 de abril de 2016

Minas Mariana


Esse teu nariz aquilino que aponta um poema de Drummond...
Esse perfil de um sorriso que se guarda e se aguarda...
Essa tua máscara infantil que guarda tua tarde mulher...
Esse teu sono estático que guarda um sonho...
Esse teu olhar atlântico nas montanhas de Minas...

para Mariana Botelho