"Estive com Nirton Venancio muito menos vezes do que gostaria. Foram encontros culturalmente intensos, em cinemas e festivais do nordeste e de Brasília. Encontros marcados por um número grande, embora nunca unânime, de afinidades eletivas.
Vi praticamente o cineasta nascer, constatando em seus filmes a poética de imagens que hoje me surgem aos olhos em forma de literatura. Sempre generoso, Nirton fez chegar às minhas mãos seu livro de poesia memorialista 'Trem da Memória' (Editora Radiadora, 2022), percurso de sua pequena Cratéus, Ceará, aos grandes centros cosmopolitas, nos quais o cineasta/poeta se viu fisgado pelos '24 quadrinhos' das imagens em movimento.
Nirton confirma minha tese de que nossa geração foi uma das últimas que chegou às salas de exibição pelo afeto familiar e muito antes da fúria digital ser a porta de entrada às imagens para os miúdos.
'Trem da Memória' resume seus intuitos num verso citado de Narlan Matos que descortina o porvir e sintetiza a matéria da qual é feita o cinema e a literatura de Nirton, sempre indissociáveis: “um dia minha vida / foi ao cinematógrafo / e nunca mais voltou para casa.” A minha também, camarada."
- Ricardo Cota, jornalista, crítico de cinema (Rio de Janeiro).
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Trem da memória foi lançado ontem na XIV Bienal Internacional do Livro do Ceará, e encontra-se disponível no estande da Editora Radiadora, na Quadra Literária.
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