Santa Luzia iluminava
a minha infância que dormia.
Nas manhãs quentes do interior:
(o menino na rede,
a parede azulada
a cenografia do quarto
:
o enquadramento que me guardava
no passado
que vi do futuro).
A jovem siciliana que minha tia-avó trouxe da feira
protegia meus olhos que acordavam
focava sua luz neorrealista
no quintal em mim
para o dia que começava
no sertão sem fim.
Cada manhã abençoada
com a oferenda do par de olhos na bandeja.
Casa desfeita
parentes idos
santa nas retinas.
Na parede azulada,
esse recorte é o quadro que brilha mais
no meu cinema paradiso.
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Trecho do meu livro Trem da memória, Editora Radiadora, 2022,
lançado em julho no Espaço Cultural da Kraft, Fortaleza, em setembro no Beira Cultural do Bar Beirute, Brasília, e em novembro na XIV Bienal Internacional do Livro do Ceará.
Coordenação editorial: Alan Mendonça
Prefácio: Valdi Ferreira Lima
Posfácio: Mailson Furtado
À venda pelo site www.radiadora.com.br e com o autor.
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13 de dezembro, dia de Santa Luzia.
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