sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

migrante


IV

no começo da terra vermelha e cidade
meu pai passou por aqui
enquanto juscelino passava em seu jeep
adubou concreto
elevou colunas
estendeu asas:
o sonho avesso de pau a pique
de vastidão por imensidão
de cerrado por sertão
entorpecido de poeira e saudade
um dia subiu no pau de arara que voltava
sob o olhar franzido de juscelino
preferiu
o abraço de minha mãe
o leite ralo das cabras
e a esperança de sol a pino
- Poema do meu livro em preparação A paisagem e a distância - escritos sobre Brasília.
Foto ilustrativa para esta postagem: Candangos, 1957, de Mário Fonteneles.

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