quarta-feira, 10 de agosto de 2022

dois olhares

 

Dizia um oráculo antigo proscrito que todo poeta é maior que sua sombra, que sua casca, que sua alma. Nirton Venancio - poeta virtuose, da angiosperma memorialista - faz parte dessa linhagem milenar primeva e não escapa desse conceito poético existencial nem do dilema glorioso que todo poeta almeja de seguir adiante ou de voltar para sua sombra, sua casca e sua alma, quando tocado for por seus duendes e divindades inominadas.
'Trem da memória' é mais que um livro talhado por um mestre da poesia, senão um utilitário sentimental de que se vale o poeta Nirton Venancio para voltar a galope à sua sombra, sua casca, sua alma, quando tocadas por seus gnomos - esteja ele em Brasília, Santiago do Chile, em Crateús, no Pirambu ou na Praia de Iracema, em Fortaleza.
- Valdi Ferreira Lima, poeta
'Trem da memória' inicia-se como um plano-sequência, em mais um filme dirigido por Nirton Venancio, e segue e segue e segue num só fôlego a conversar pelo desbravar de ruas e outras reentrâncias que pulsam da memória marcadas em concreto e abstrato do que o menino de Crateús guardou para si de tantos e tantas. Nessa toada, o menino vai e volta, 'o menino sumiu' e nesse sumiço se emborca ao avesso contando o que viu, o que se sabe e o que queria saber, sem qualquer julgamento de certezas. Nele vê o trem, e também o longe para onde ele, e sua linha de ferro, esconde-se a levar tantas dúvidas do mundo. Tudo é possível. Tudo pode. Já foi e é, na cidade guardada que Nirton escreve por encontros e desencontros."

- Mailson Furtado, poeta
Trechos, respectivamente, do prefácio e posfácio.
Hoje no lançamento, apresentação do professor de Literatura Galileu Viana e participações musicais dos cantores e compositores Parahyba de Medeiros e Calé Alencar.
Trem da memória
Editora Radiadora, 2022
Coordenação editorial: Alan Mendonça
Concepção gráfica: Léo de Oliveira e Alan Mendonça

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